Prof. Manuel Ruiz Filho é colaborador deste jornal
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O menino sírio de apenas três anos, Aylan, que pagou com a vida a incompetência de governos, chegou ao Céu. De mãozinhas fechadas tocou na porta por três vezes seguidas. São Pedro o atendeu. Estatelou os olhos quando o viu e disse: - Não, meu filho, eu não sou digno que entreis em minha casa! Meu Pai virá recebê-lo.
Claro que Aylan não entendeu nada do que estava acontecendo, assim como não entendeu o que os homens fizeram com ele. Num momento de pura beleza, Deus se aproximou de Aylan e disse: Vinde a Mim meu filho, Eu divido contigo o meu reino. Ninguém há de impedir que se achegue a Mim, ainda continuem sendo a mais pura criatura que Me representam na Terra. Aylan se aproxima de Deus e O beija como se houvesse encontrado no Céu novamente seus pais.
Deus continuou dando atenção ao menino e o colocou em Seu colo e lhe disse: Aqui, meu filho, as coisas acontecem de formas diferentes de onde viestes. Andamos sobre as águas e não afundamos porque a alma não tem peso. No Céu a convivência das pessoas não tem censura, não há dolo nem ódio, a igualdade é a relação formal entre os que aqui habitam. Comportamento ético, dignidade e respeito são a nossa bandeira. Deste outro lado da vida, meu pequenino, não há muros e as paredes das casas são transparentes. Entra e sai quem quiser. Não há restrição a isso. As árvores estão sempre repletas de flores e frutos. Os frutos são de todos os tamanhos, ninguém os apanha se não for por necessidade. Os alimentos que as pessoas degustam são as Minhas palavras. Os campos são cobertos de mantas com as cores do arco-íris. Os animais convivem com as pessoas como se fosse uma só família. A linguagem escrita não existe aqui, não há biblioteca. Cada um que chega aqui lhe é ensinado palavras do Meu vocabulário e ninguém se confunde. Meu vocabulário só tem uma palavra de quatro letras - AMOR. A partir daí todos passam a usá-la com frequência e como só há uma língua entre nós, nos entendemos uns aos outros. Aqui não há doenças. As pessoas não adoecem porque a Minha palavra é antídoto para todos os males. Somos todos iguais neste Meu mundo. Não há humilhação a ninguém porque aqui nenhum ultrapassa os limites da simplicidade. No Céu, Eu não criei o dinheiro e, por isso, ninguém explora ninguém. Não existem lojas de roupas e todos estão vestidos. Deste outro lado da vida as pessoas não têm raças diferentes. A raça humana é que prevalece aqui. Somos todos iguais. A cor e a pele não separam ninguém. Não existe predominância de um sobre o outro. Preconceito no Meu dicionário não tem. A pobreza e a ganância são frutos da desigualdade social e como aqui não existe diferença entre nós ninguém oprime ninguém por ter privilégios. Deste lado Eu não inventei o carro. As pessoas viajam através do sagrado pensamento. Aqui tudo acontece na hora certa desde o nascimento, e na hora que deveria acontecer. Aylan, se Eu o chamei é porque senti sua falta.