Pois é, a coisa chegou a tal ponto que por esse Brasil afora tem gente torcendo para que o relógio pare as cinco e cinquenta e nove, jamais acuse as seis da manhã, pois, pode ser que a Federal esteja na porta. As seis badaladas, o galo cantando, fazem tremer alicerces construídos no barro.
Estou escrevendo o artigo na quinta para ser publicado no domingo e, por isso, pode ser que meus pensamentos fiquem desfocados. Nem o Mandrake, como já escrevi, sabe o que pode tirar da cartola no dia a dia do Brasil.
O Supremo Federal bateu o martelo e mostrou que um dos poderes ainda o exerce com competência, mostrou que o corporativismo não pode ficar imperando no país. Isto serve para todas as instâncias de poder e, com certeza, algumas instâncias das comarcas vão fazer com que alguns “afobadinhos e aproveitadores” borrem as calças por todo o país. Como disse uma das ministras, da forma como entendi, em linguagem bem popular: chega de safadezas.
Se por todo o Brasil as administrações respeitarem a forma correta de conduzir o dinheiro público muitas melhorias serão realizadas em prazo bem curto.
Ninguém deve aplaudir e apoiar administrações que privilegiem um grupo exclusivo. A democracia tem como premissa o respeito ao direito de todos, oportunidade para todos. Quem não conseguir dar conta do recado fica para traz, porém, todos precisam e devem ter as mesmas oportunidades.
O que temos visto, por todo o país, são “turminhas” bem informadas e apaniguadas de detentores do poder crescendo rapidamente, enquanto todos os demais ficam apenas assistindo esse triste espetáculo.
Nossa juventude é turbinada e incentivada para estudar e se preparar, e depois não encontram as oportunidades para seu desenvolvimento e empreendorismo, pois, os obstáculos colocados a sua frente são enormes e, se não tiverem padrinhos e não entrarem nos grupinhos vão ficar, como diz o caboclo, “catando coquinho” a vida toda.
Os sabichões da política que se reelegem e, quando não, colocam em seus lugares alguns “paus mandados” não permitem que as regras sejam mudadas e, com isso, cada vez mais, apenas alguns tiram proveitos do poder. Isto é desonesto, isto é safadeza. Iludir toda uma população para proveito próprio é escarnio.
Todos nós desse país devemos dar todo apoio e admirar policiais, promotores e juízes que enfrentam essas quadrilhas. Se os costumes não modificarem neste momento, pelo menos, teremos a esperança que serão modificados em algum momento, nem que seja daqui algumas décadas.
A votação no Senado, autorizando a permanência na prisão de um dos seus, não deve ser vista com produto de convicções e, sim, de medo dos eleitores. Que cada vez tenham mais medo, ou melhor, respeito, e o país poderá mudar.
O Brasil do futuro, tão propalado e cantado em versos e prosas, somente acontecerá quando a cultura política corporativista e nefasta for banida.
É possível que estejamos vivendo um momento histórico para a condução política do Brasil. Tudo vai depender de como a população vai responder nas urnas de agora em diante. Só porque é bonitinho, apoiado por um “figurão”, ou já foi alguma coisa, não respalda a filosofia ou a personalidade de um candidato. Estamos vivendo momentos interessantes, que apenas serão proveitosos se todos entenderem que a escolha de alguém para comandar algum cargo seja antes analisada friamente e o voto seja dado com a razão, jamais com emoção, em todos os níveis.
Só assim, com exceções é claro, boa parte dos detentores do poder não ficarão preocupados com o canto do galo e as seis badaladas da madrugada.