Fazer jornal diário não é fácil. É uma labuta que carece de muita vocação para quem se habilita a rotina nessa arte de colher dados e transformá-los em notícia. E com hora marcada para fechamento e distribuição. Alguns se aventuram a fazer jornal pensando em projeção pessoal ou com motivação política. Esses naufragam nos primeiros desafios. Já vimos esse fato recente aqui mesmo em Votuporanga. Em resumo: para fazer jornal é preciso ter “pedigree”.
A nossa história começa em 1° de janeiro de 1985. O Grupo Disdroga, uma potência no ramo farmacêutico, decidiu investir também na área de comunicação. Para viabilizar o projeto que consistia de um jornal diário e uma emissora de rádio estavam o tarimbado jornalista Luiz Rivoiro e este articulista. O maquinário gráfico veio de Maringá, no Paraná, e a equipe profissional foi formada com o pessoal daqui e de Rio Preto. O prefeito da cidade era Mário Pozzobon e o governador do Estado André Franco Montoro. Nosso primeiro editor foi o José Carlos Pontes.
O desafio era imenso. Votuporanga contava na época com o diário “A Vanguarda”, de muito conceito, do jornalista Nélson Camargo. Cinco anos antes havia sucumbido um outro diário, o “Primeira Hora” de curto período de circulação. “ A Cidade” estava fadado ao mesmo destino quando o grupo Disdroga entrou em processo de concordata. A continuidade da circulação deste diário deve-se muito a determinação de Jaime Alvares Gil e Dorival Veronezzi, antigos dirigentes da Disdroga. Eles repassaram para a atual direção deste jornal o Parque Gráfico, num processo de arrendamento com o compromisso de manter o jornal em circulação sem prejuízo para os assinantes. Essa mudança deu-se em 3 de junho de 1987. Aí começa uma outra história.
Muitas coisas mudaram daquele tempo na arte de confeccionar jornais. Lá se foram as linotipos, os clichês de zinco e plásticos, a impressora minerva, as ramas, os lingões, enfim, o período de chumbo e de ferro que pesou sobre nós, especialmente, antes da década de 90. O sistema de impressão de jornais em off-set popularizou-se no interior a partir da metade dos anos 90.
Em nossos ouvidos ficaram, ainda como um lampejo de saudade, o som do dedilhar dos linotipistas, nas gigantes linotipos que produziam linhas de chumbo; a distribuição das matrizes em seus magazines e dos espaços automáticos. Foram muitos anos à sombra da invenção de Gutemberg. Hoje, apenas lembranças e, sobretudo, agradecimentos à Deus pela informatização e pelo off-set que coloriu as páginas dos nossos jornais.
Nesse avanço da tecnologia, num mundo em que a globalização é uma realidade, a internet é uma ferramenta que contribui com o jornalismo impresso. Veja o “site” do jornal A Cidade fazendo Votuporanga chegar aos votuporanguenses espalhados pelo mundo inteiro. Só quem enfrentou o empirismo do passado sabe valorizar o que há de maravilhoso na arte de fazer jornal no presente e com um futuro ainda mais promissor.
Chegamos hoje ao ano 31 da nossa existência. Estamos cônscios da nossa responsabilidade na defesa dos interesses coletivos, mantendo a mesma linha editorial livre e independente que norteou o nosso primeiro número, cavando fundo nos problemas e nos interesses da cidade. É um compromisso desse jornal que, por ser daqui, tem o papel fundamental de fazer com que o município respire e o pulmão do cotidiano alimente a razão para que encontre caminhos para ser percorridos.
É nossa missão defender Votuporanga, pois o nosso leitor vive nesse chão. A Cidade tem que falar a língua do seu povo, traduzindo em miúdos os seus problemas e anseios, e avistá-la, como um profeta, o que há de melhor para o seu futuro. Queremos, definitivamente, ser uma voz para defender Votuporanga, gritar por ela, cantar suas belezas e seus encantos.
Apesar de todas as dificuldades que enfrentam as empresas jornalísticas, nós queremos sobreviver. Para nós, de A Cidade, ao completar hoje 31 anos de circulação, reiteramos apenas o cumprimento fiel do que está escrito na nossa Carta Magda, garantindo a Liberdade de Expressão e de livre pensamento. E que nada venha sobrepor ou embaraçar a circulação plena e livre deste periódico e de todos os jornais do Brasil.
Obrigado, prezado leitor, pela confiança. E compartilhe conosco a alegria de fazer notícias, fiel aos fatos e ao dia a dia nos últimos 31 anos.