Quando naquela típica família brasileira o marido ou a esposa perde o emprego, a primeira providência a ser tomada é apertar o cinto. Afinal, a renda da casa ficou reduzida e é preciso se ajustar às novas circunstâncias. Começam os cortes: saem supérfluos, trocam-se marcas mais caras pelas mais baratas, opta-se por lazer gratuito; em suma, todos os gastos são revistos.
Os princípios da economia doméstica são perfeitamente aplicáveis na gestão financeira de qualquer empresa. Caso o caixa vá mal, o empreendimento tem de ser submetido a um enxugamento ou sua sobrevivência pode ser comprometida. Cabe ao dono observar atentamente as particularidades do seu negócio e descobrir onde há possibilidade para contenções.
Mas o processo precisa ser bem feito ou terá eficácia reduzida, como na família que elimina itens da lista do supermercado, porém continua tomando banhos demorados e deixando luzes acesas à toa.
Na empresa, errar nessa questão pode prejudicar o atendimento e a qualidade, daí ser fundamental ter critério para cada corte. Enxugamento não é sinônimo de medidas antipáticas – e muitas vezes inúteis – como tirar o cafezinho dos funcionários. O bom senso e a racionalidade funcionam nessa hora.
Se o negócio não tem condições de faturar o que faturava, seja porque o mercado encolheu, a economia está em crise ou qualquer outro motivo, é hora de redimensionar o empreendimento, adequando-o à nova realidade. Nesse ponto, o local onde a empresa está instalada deve ser avaliado. Se estar em determinado endereço não for absolutamente vital para o negócio, mudar para um lugar menos valorizado e menor, mas que ainda assim comporte o empreendimento, permitirá gastar menos com aluguel.
Com relação à mão de obra, é interessante analisar o seguinte: a equipe está qualificada? Pessoal mais preparado aumenta a produtividade, diminui o retrabalho e as horas extras, ajuda a cumprir prazos e atender melhor o cliente.
O quadro de funcionários é condizente? Demitir com olho apenas nos números não é a melhor alternativa, pois o empresário pode perder gente entrosada com a filosofia do negócio e, no momento seguinte, descobrir que precisa repor quem saiu, originando novos gastos.
O mix de produtos também deve ser revisto. O que não tiver saída tem de ser riscado do portfólio e a quantidade de cada mercadoria precisa ser recalculada para se moldar à demanda.
Desperdícios são terminantemente proibidos. Um pente fino nas operações é capaz de identificar onde eles estão.
Qualquer dona de casa ou pai de família sabe: com dinheiro curto, gasta-se menos para conseguir fechar as contas. Infelizmente, nem sempre esse raciocínio, tão claro, é seguido por quem comanda; as consequências, sabemos bem, são desastrosas.