Renan Gratão é escrevente técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Atenção! Muita Atenção!
Obrigado pela atenção! (risos)
Senhoras e senhores! Respeitável público! Vai começar o maior espetáculo da Terra! O Circo de Brasília já chegou, trazendo o especial natalino, com os fantásticos personagens da capital brasileira em: “É Natal¸ e o que você desviou?” Adquira já o seu ingresso! Não fique de fora dessa! Sessões a qualquer momento...
Vai ter palhaçada? Sim! Vai ter muitas ações no Supremo Tribunal Federal? Sim! Vai ter seção anulada? Sim! Vai ter cassação de mandato de presidente da casa? Humm, não sei. Vai ter recesso no Congresso? E a mais esperada atração do nosso espetáculo: vai ter impeachment?
Uma triste realidade vai se formando. Admirável quem consiga acompanhar sem sentir repulsa, nojo, tristeza e fadiga. Um país imenso, valioso, tomado pelo interesse particular. É gritante e é medonho a forma como usam a máquina pública para manterem-se nos seus mais desejados cargos.
A Constituição Federal reluz em seu artigo 37 que os Poderes da União obedecerão aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Super legal estão as contas do governo federal. Super impessoal as ações para adiar, cancelar, anular as sessões do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Super moral, legal e impessoal as ações do governo federal contra os políticos do PMDB (se é que não são flores que se cheiram), mas é de se estranhar a proporcionalidade do momento de votação do impeachment com a investigação focado nos “pemedebistas”. De uma eficiência enorme que Henry Ford invejaria a maneira como o Brasil é governado, do modo como a Câmara e o Senado são administrados.
O Brasil, diariamente, tem perdido investidores. A população sofrendo cada vez mais com o desemprego, com a inflação... e o único fato que eles enxergam em Brasília é a luta incessante para se manterem em seus cargos, nos seus devidos lugares do tabuleiro. “Administram o país” de modo que parece uma guerra fria entre dois partidos que se diziam aliados, que mudariam o Brasil. Um casamento estranho que começou em 2005, mas que previsões já indicavam ao fracasso, resistindo – e é de se espantar - três eleições presidenciais! Com muita corrupção, com alguns políticos frequentando os presídios da polícia federal, a lua de mel acabou. O “divorcio judicial” está tramitando e sua sentença final se aproxima: será que terá recesso? Será que terá mandato cassado? Será terá impeachment? Logo saberemos! Ou ficará para 2016.
A certeza é que sobreviveremos, uns sem emprego, outros sem hospitais e outros, ainda, sem condições sociais básicas de vida. O pior ficou para a economia: se 2015 foi difícil, não espere um 2016 melhor! Enquanto houver esse circo armado em Brasília, os duzentos milhões de palhações brasileiros serão o motivo do riso dos donos do espetáculo. Que 2016 nos traga dias melhores!