*Reginaldo Gonçalves é coordenador do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM)
Após a reeleição de Dilma Rousseff em 2014, a situação econômica, que aparentemente estava em ordem, demonstrou fragilidades
Acreditava-se que em 2015 o cenário econômico seria melhor. Mas o aprofundamento nas investigações da operação Lava-Jato, o repasse da energia elétrica para toda cadeia produtiva, em decorrência do uso das termoelétricas, a piora do mercado da China, país que é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil em commodities, além da crise na Petrobras, levantaram a desconfiança de investidores, tanto no mercado interno como internacional. Os reflexos foram pontuais, o crescimento do desemprego foi significativo e atingiu em 2015 aproximadamente 1,71 milhão de pessoas, o que representa uma taxa média de 6,8%, de acordo com dados do IBGE, levando em conta um universo de 23,342 milhões de empregados formais.
A estimativa não é das melhores para 2016. Se não houver uma reversão do quadro que dependerá dos estímulos às empresas por meio da redução dos juros e estímulos fiscais, dificilmente elas aumentarão o PIB, que é um dos indicadores que apontam a melhora de uma série de indices, como por exemplo: participação do governo, dos empregados, dos bancos por meio dos juros e dos sócios/acionistas na destinação do lucro.
O grande risco no aumento do desemprego é o trabalho informal, que deixa trabalhadores sem direitos sociais básicos, como a aposentadoria.
A pressão dos juros, o aumento da inflação e a retração nas vendas atingiram os pequenos comércios – como os que ficam em bairros. Esses negócios apresentaram queda nas vendas – mas a criatividade falou mais alto e eles se mantiveram no mercado. Por conta disso, a redução de empregos foi pequena. O cenário vem acontecendo com mercados, farmácias, frutarias, quitandas, restaurantes, açougues, lojas de cosméticos, lojas de roupas, academias, pequenas oficinas de conserto de roupas, lojas de sapatos, cabeleireiros, manicure, pedicure, podologia. Os custos são mais baixos, principalmente com aluguel. Entre os pontos positivos dos pequenos negócios estão a forma de atrair o cliente com promoções, os preços diferenciados de produtos que tenham qualidade, mas não sejam de marca, o atendimento personalizado - por estar mais próximo da comunidade e trabalhar com produtos mais populares e que caibam no bolso do consumidor.
O trabalho mais próximo ao consumidor facilita a venda e evita que pequenas compras sejam efetuadas em supermercados de grande porte. Esses pequenos negócios, os que mais empregam no País, trazem formalidade e fazem com que os proprietaries vivam em um “mundo paralelo”.
Estão sendo agregados a essa massa de micro e pequenos empresários novos desempregados que apostam em seus negócios próprios e que muitas vezes não têm capital para dedicar aos seus empreendimentos. São exemplos as áreas: fabricação de bolos e doces, comida congelada, pão de queijo recheado, artesanatos, vendas de perfumes, serviços domésticos, encanamento, pequenas reformas. Embora o desafio seja grande, diversos novos empreendimentos conseguem passar pelo primeiro ano de vida - o que para muitos é difícil, pois a falta de capital de giro limita a expansão dos negócios.
A grande concentração de negócios ainda está nos bairros dormitórios. O importante é ser criativo, estimular as boas vendas e um bom trabalho de pós-venda. É preciso priorizar a satisfação do cliente.