*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).
Nos últimos anos, as pessoas com deficiência ganharam mais oportunidades no mercado de trabalho, principalmente pela Lei de Cotas que determina a contratação por parte das empresas. Em um primeiro momento, as corporações mostraram preocupação quanto à qualificação dessa mão de obra, que, muitas vezes, não conseguiam completar os estudos devido à falta de acessibilidade e instrumentalização pedagógica própria nas escolas. Mas na prática, o que se viu foi uma turma cheia de vontade e dedicação, que demonstrou ter plenas condições de participar do mercado de trabalho.
Para resolver o problema da falta de capacitação, o CIEE, com sua experiência de 52 anos na inserção de jovens no mercado de trabalho, criou o programa CIEE para Pessoas com Deficiência, que vem, a cada ano, treinando pessoas para várias funções no mundo corporativo. Sabendo da atenção especial que o CIEE tem para com os profissionais com deficiência, empresas procuraram a instituição para formular programas especiais de formação profissional, com treinamentos específicos – como nas áreas de informática e administrativa, por exemplo. Entre as grandes empresas que possuem projetos desse porte com o CIEE, estão a TAM Linhas Aéreas, a Bauducco e a Embraer.
Em 2015, o CIEE intermediou a contratação de 1,2 mil jovens com deficiência como estagiários ou aprendizes em empresas pelo país. O número de beneficiados é 25% superior ao ano de 2014, quando foram inseridas 988 pessoas no mercado de trabalho. Além de realizar uma verdadeira ação social, dando oportunidades reais de cidadania para essas pessoas, o CIEE ainda colabora com as empresas que necessitam cumprir as cotas exigidas pela legislação.
Pelo estágio e aprendizagem, as empresas têm a oportunidades de qualificar as pessoas com deficiência para que possam adquirir habilidades adequadas às suas funções corporativas. Os participantes dos programas, por sua vez, recebem capacitação prática e a chance real de se inserir no mercado de trabalho com mais qualidade. Importante lembrar que em alguns estados, como em São Paulo, os aprendizes fazem parte tanto das cotas de deficientes como da própria aprendizagem. O jovem que participa do estágio ou do Aprendiz Legal – programa de formação profissional numa parceria CIEE e Fundação Roberto Marinho – não perde o benefício de Prestação Continuada (BCP), um estímulo concedido pelo governo para que pessoas com deficiência busquem se preparar para o mundo laboral. O programa do CIEE é mantido há 17 anos e já inseriu mais de 15 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho.