Lélio Braga Calhau é Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais
A Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio sobre endividamento, aponta que cerca de 60% das famílias estão endividadas no país. Dessas, 23,5% estão com dívidas ou contas em atraso e 8,3% não têm como pagar os débitos. Neste cenário tenebroso de endividamento o cartão de crédito aparece como o principal “culpado”.
1. Cartão de crédito não é sinal de “status financeiro”. Tem gente que se orgulha de ter o limite do cartão de crédito alto. Fique atento, pois se a financeira te dá o limite alto é porque ela busca uma operação segura e lucrativa. O bom “status” é não ter dívidas e uma reserva financeira. Fuja de ostentação, planeje suas compras e fique atento com seu equilíbrio financeiro.
2. Tenha um ou dois cartões no máximo. Quanto mais cartões, maiores as chances de você descontrolar e entrar numa situação de superendividamento. Dois cartões, de bandeiras diferentes, já estão ótimos.
3. Saiba dizer NÃO. Nunca aceite cartões oferecidos, mesmo que possuam anuidade grátis. Tenha uma regra rígida sobre isso, pois, senão, dentro de algum tempo você se surpreenderá com seis ou oito cartões sem nenhuma necessidade.
4. Anuidade grátis. No mercado financeiro existe um ditado que “não existe almoço grátis”. Então fique esperto, pois, no geral, a primeira anuidade é grátis, mas as posteriores não o são. Valores como R$ 300,00 são cobrados sem nenhuma dificuldade após o período da “anuidade grátis” e já se previna dessas estratégias que sempre prejudicam o consumidor.
5. Priorize pagar sempre à vista ou no cartão de débito. Corte o mal pela raiz. É duro, dói, é complicado, mas funciona. Use sempre as alternativas para pagamento imediato e se proteja do efeito “bola de neve” das dívidas. Quando você o detecta a dívida já se tornou enorme e está crescendo com grande velocidade, tornando a vida do consumidor cada vez mais difícil.
6. A regra de ouro: fuja do pagamento mínimo. Os juros do crédito rotativo de cartão de crédito podem chegar a impensáveis 16% ao mês, em alguns casos. Não caia na tentação de efetuar “pagamento mínimo”. Se a fatura chegar e voê não tiver como fazer o pagamento integral, busque uma linha de crédito mais barata. Por exemplo: crédito consignado, CDC etc. Pague o mais rápido que puder e repense seus hábitos de consumo.
7. Não divida nada. Ataque mais uma vez a origem do problema. Tente desconto para pagamento à vista, caso a loja não concorde e assim você quiser fazer a compra, pague imediatamente. Não divida nada em quatro, cinco ou dez vezes. Com o tempo, você pode se descontrolar com várias parcelas de fornecedores diferentes e o valor de sua fatura irá aumentar excessivamente.
8. Destrua o cartão de crédito se você não consegue lidar com ele. Controle-se e se pergunte muitas vezes se aquela compra é boa para você ou não. Não compre nada por impulso, pois isso é o caminho da morte financeira. Se, após tentar se controlar você viu que não possui força para se sustentar perante o impulso de gastar, destrua o cartão de crédito e passe a usar apenas a modalidade débito. Pode parecer uma medida drástica e certamente o é.
Proteja seu futuro dessa onda consumista e de endividamento. Ninguém vai te ajudar depois que você for para o buraco por conta disso. A economia está num caos e se conseguirmos sobreviver a isso tudo sem dívidas é muito mais fácil. Lembre-se sempre “o dinheiro não aceita desaforo”. Se você “quebrar” pelo mau uso do cartão, só você sofrerá duramente as consequências, então não caia nos embalos das compras por impulso. Corte o mal pela raiz.