Manuel Ruiz Filho é professor e colabora com este jornal -
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O homem, apesar da sua racionalidade, age de forma muito diferenciada dos animais, porque valoriza a sua inteligência e o seu comportamento. Ele é um ser inteligente, consciente e tem uma extraordinária capacidade de análise de seus atos, execução de suas tarefas, planejando e colocando em prática suas atividades. Sabe quando erra e quando acerta. Através de seu magno comportamento acaba por atingir entre todas as coisas, as mais sensíveis, as imateriais e as incorpóreas. Exemplo disso, ele conhece a verdade, entende o tempo e o espaço. Compreende o bem e a virtude. Através das suas diferenças depara-se com seu comportamento, porque é um ser surpreendente. Sua mudança é constante. Seus hábitos, seus costumes, suas crenças e culturas são expressivos.
A palavra “razão” é o que sustenta seu vocabulário premiando os seus atos, senão a maioria deles. Sua linguagem permite que ele relate, ao seu semelhante, através de sons aos quais atrela um significado, a experiência e os fatos da vida. Com uma expressão sonora e um conteúdo semântico (som e sentido), o ser humano estabelece a interação com seu semelhante, praticando a comunicação, indispensável à vida e à sociedade. Entretanto, é lamentável hoje a forma em que ele se propõe viver, destruindo-se a cada minuto de uma ou de outra forma. Lutamos hoje contra nós mesmos. Fabricamos nossas próprias armas e o nosso próprio veneno e com isso, aos poucos, nos matamos. Não respeitamos sequer nosso próprio corpo com as mais variadas formas de mutilação, hoje tão valorizada pelos metálicos adeptos. Não aprendemos a respeitar nossas próprias vidas, dado a forma gananciosa com que nos propomos exterminar o que nos cerca, sejam isso as mais variadas espécies animais, florestas, campos ou rios. Temos nos comportado como os mais enfadonhos inimigos da natureza, criadora do oxigênio que nos mantém vivos.
Com a tecnologia de hoje e os meios televisivos, tornaram-se humanos os animais, porque falam e agem como se humanos fossem. Desenhos modernos têm nos atraído pela modernidade eletrônica, pela criatividade e pela mensagem transmitida. Crianças e adultos são influenciados no imaginário por essas tramas onde personagens principais da estória interagem com humanos ou que os substituem completamente. Nelas os animais são aproximados dos humanos e podem ser compreendidos tanto quanto os interesses possam requerer. Os animais, considerados como seres irracionais, por mais que possamos imaginar que eles sejam livres, realizam seus atos impulsionados pelas suas sensações, pelos apetites e pelo instinto natural, para um fim de que ele mesmo ignora e cujas consequências raramente o homem consegue medir. Eles também são seres “inteligentes”, mas se reduzem à sensibilidade, são seres que agem de acordo com seus instintos, porém suas reações são fortes e não comedidas, a ponto de tornarem-se indesejáveis quaisquer tipos de aproximação. Os animais não visam um conhecimento para o futuro, apenas e tão somente, se restringem a realidade do momento e se expressam de uma maneira indecifrável.
Deus na Sua infinita bondade criou humanos, animais, terras e rios, plantas e natureza. Sabia Ele que tudo isso viveria de forma harmônica, mas que o homem seria a célula principal da criação e não estaria de nenhuma forma subjugada às criações outras. Francisco, o Santo, foi exímio amigo dos animais, amava-os, mas fazia questão que exercessem suas vidas em seus habitats. Era amigo dos lobos, mas sabia que depois do carinho retornariam as suas tendas florestais. Deus, nos fez a Sua semelhança. Apregoou que o respeito entre as mais variadas formas de vida deveria ser uma constante e nunca exceção. A maldade contra os animais é inadmissível como inadmissível é desrespeitar a tônica que Deus nos deixou em ser, entre todos os seres vivos, a Sua “prioridade”.