Muito além das consequências econômicas, nefastas para uma Nação com tamanhas dificuldades, há catastróficos efeitos sociais da corrupção. Os seguidos escândalos geram uma desconfiança no Estado e isso é letal para uma Democracia. Ainda não se chegou ao estágio em que o governo é desnecessário, tamanha a harmonia e racionalidade a presidir o convívio entre os homens. A corrupção afeta a confiança da população nas instituições. Todos os que estão vinculados a uma atuação estatal estão sob desconfiança. O processo político passa a ser contaminado. A política é o refúgio dos que têm senso ético complacente. Os efeitos dessa erosão de credibilidade sobre a democracia são desastrosos. Pois democracia subentende o governo do povo, para o povo e pelo povo. Se o povo não acreditar nela, não há espaço para a Democracia. Um dos subprodutos dessa erosão de confiança é a polarização, a radicalização e a crescente hostilidade de parte a parte entre grupos com diferentes alinhamentos políticos. Não se pratica mais o diálogo. Ninguém quer ouvir. Todos só querem gritar, esbravejar, xingar, ofender, vilipendiar. Isso é muito ruim. Significa retrocesso na escala civilizatória e sintoma de convulsão social. Para os otimistas, esse confronto significa engajamento político. Para os realistas, o cenário é preocupante. O ceticismo seria a postura predominante. Já para os pessimistas, a indignação difusa e a rebeldia sem causa não podem conduzir a porto seguro. Aqueles ainda providos de lucidez e de bom senso precisam se preocupar muito mais com tal cenário. A ninguém ajuda achar que “isso é coisa da política”. “Isso é coisa de sumo interesse de todos nós!”. Qual o amanhã que ambicionamos para nossos filhos, netos e demais descendentes? Qual o Brasil que estamos legando para eles? Ainda acredito na educação acima de todas as diferenças. Educação consistente, para ensinar convívio fraterno, a edificar a sociedade justa, equânime e solidária com que temos o direito de sonhar.