*Manuel Ruiz Filho é professor e colabora com este jornal -
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Os governos estraçalharam o jarro, isso mesmo. Os políticos quebraram o jarro que foi ganho ao longo de anos de sacrifício e trabalho de um povo que se propunha ser ordeiro. Há tanto estilhaços que o tempo de reconstrução é imprevisível. Não pretendo generalizar as coisas, porque isso nem sempre nos parece real e verdadeiro, mas de cada 100 políticos 101 parece ter dívida em ‘cartório’. Não é possível que estejamos merecendo isso. A grande maioria dos governantes do executivo tem mostrado pendências na Justiça. Do executivo e do legislativo federal e estadual, uma vergonha. A mídia nos tem mostrado todos os dias seus envolvimentos com empreiteiras, empresas fantasmas e com dinheiro depositado em moeda forte em paraísos fiscais.
A bagunça generalizou-se. E os brasileiros aos poucos perdem seus empregos, sua assistência médica, seu direito à educação e outras mais necessidades primárias que a Constituição diz que eles têm. O dinheiro nosso, depositado em cofres públicos através dos impostos, taxas e contribuições de melhoria tem sido usado para pagar propinas e para obras desnecessárias, negociadas com empreiteiras de pirataria. Licitação séria é coisa do passado. Hoje essa palavra no dicionário tem significado diferente: ‘data do conluio’. Porque é isso que acontece. Dinheiro do brasileiro está sendo jogado no ralo da sem-vergonhice de políticos corruptos, desonestos, incompetentes e imorais. Dá nojo de ver tanta roubalheira em todos os níveis públicos. Os partidos políticos deixaram de ser agremiações sérias, com filosofias de comportamento e ordem para serem massas de manobras uns dos outros. Creio que nenhum país sério deste planeta possui essa gama enorme de aglomerados de irresponsáveis preparados para ludibriar a qualidade de vida de um povo e de uma nação. Não dá para imaginar os milhares de obras iniciadas e paralisadas em todo país, com dinheiro do BNDES. Diga-se de passagem, nosso dinheiro, a juros negativos em todos os níveis: federal, estadual e municipal. Por falar em obra municipal, alguém poderia informar aquela obra parada na rodovia Euclides da Cunha logo após o Distrito de Simonsen? Como passo a trabalho nesse local, vi a obra ser anunciada em outdoor, mas até agora não vi nenhum resultado para ninguém a não ser para os que se propuseram a fazê-la e os que a fizeram pela metade. Dinheiro do povo jogado fora? Será que a Justiça não poderia analisar fatos dessa natureza? Se pudesse seria uma ótima medida. Será que é atitude racional fazer o adiável em detrimento do necessário. Será que estaríamos necessitando de uma ‘nova biblioteca’ em detrimento de uma já existente no centro da cidade e que não tem traços de inviabilidade?
O brasileiro é apaixonado por esporte. O futebol tem sido um ópio para ajudar nos desvios de todo tipo de sacanagem que a mídia publica. Será que foi uma atitude sadia, sensata e necessária construir um novo estádio em detrimento de um que já existia e bem localizado? Será que o dinheiro aplicado nisso não seria mais bem usado na saúde e na precária educação que o povo tanta reclama? Dia desses ouvi no rádio um fato interessante. A Receita Federal ampliou suas penalidades contra os contribuintes por deixarem de cumprir com suas obrigações tributárias. Ampliou porque ela entende que quando multa uma empresa o valor dessa arrecadação não tem obrigação de partilhar com estados e municípios. Quando arrecada o tributo, este sim, a Constituição obriga a partilha com os estados e municípios. Então, para o governo federal é interessante multar. Uma empresa que deixa de pagar R$1,00 de tributo no prazo pela situação que passa o país tem que pagar R$ 5,00 de multa por não tê-lo feito. Este exemplo é hipotético e é só para você ver o descalabro a que chegamos.
Nas prefeituras como a arrecadação do IPVA diminuiu por causa do famigerado aumento do desemprego, resolveu-se acelerar a indústria da multa aumentando o número de radares para castigar ainda mais os munícipes. Não te parece um abuso? Ou você acha que ela está preocupada com os índices de acidentes? Coisa para se pensar. Bem, hoje paro por aqui, porque se eu fosse comentar o que tenho ouvido, lido e visto o comentário seria um livro e não um simples texto. Preparemo-nos, porque em breve baterão em nossas portas pedindo votos novamente.