Em encontro com empresários no início desta semana, o presidente interino Michel Temer sintetizou com precisão o seu grande desafio dos próximos dois anos e meio: colocar o Brasil de volta aos trilhos. Com menos de dois meses de governo, já é possível constatar que, após os 13 anos de descalabro do lulopetismo, o país começa a respirar novos ares e vive uma expectativa de retomada de confiança, com os primeiros sinais de recuperação da economia.
Para se ter uma ideia do otimismo que o novo governo vem gerando entre os agentes econômicos, o real terminou o primeiro semestre do ano com um ganho de quase 20% em relação ao dólar, liderando o ranking global de valorizações em 2016. Somente em junho, a moeda brasileira registrou alta de 11,46%, o maior salto mensal desde abril de 2003. Entre as explicações, estão fatores internacionais como a perspectiva de que os Bancos Centrais adotem medidas para minimizar os efeitos negativos da saída do Reino Unido da União Europeia e também o possível não aumento de juros nos Estados Unidos no curto prazo, o que favorece o Brasil, cujas taxas elevadas atraem dólares.
Por outro lado, é evidente que a mudança de governo oferece razões de sobra para que aumente a confiança no país. A forte valorização do real no semestre teve início com a recuperação do preço das commodities, em especial do petróleo, e com as apostas dos investidores de que Dilma Rousseff seria mesmo afastada. Alguns dos mais importantes bancos brasileiros já estimam um crescimento do PIB entre 1,5% e 2% em 2017, após a recessão na qual o governo do PT nos fez mergulhar nos últimos anos. O ambiente de confiança que, aos poucos, contagia toda a sociedade contrasta com a análise precipitada de alguns economistas mais afoitos, que vêm criticando o que qualificam como “recuos” do governo de transição em relação ao necessário ajuste fiscal. Ao contrário do que se diz, a equipe econômica conduzida pelo ministro Henrique Meirelles está consciente do tamanho do desafio que tem diante de si e não perdeu o rumo. Nenhuma das medidas tomadas recentemente, como o reajuste aos servidores públicos e aos beneficiários do Bolsa Família, além da renegociação da dívida dos Estados, ameaça a saúde das contas públicas do país.
Trata-se, na verdade, de medidas que já haviam sido previstas na proposta de Orçamento encaminhada ao Congresso e estavam pactuadas com esses setores há algum tempo. No caso do Bolsa Família, por exemplo, o aumento concedido pelo governo fez cair por terra o discurso falacioso do PT de que os programas sociais estariam ameaçados sob o comando do presidente interino. Nada mais falso. O reajuste médio de 12,5%, aliás, superou os 9% prometidos por Dilma em maio e que jamais saíram do papel.
As críticas injustas em relação ao suposto “pacote de bondades” encampado pelo novo governo, que caminharia em direção contrária à austeridade pregada pelo ajuste fiscal, não se coadunam com os fatos. A redução no número de ministérios, o corte de cargos desnecessários na máquina pública e a diminuição do desperdício causado pelo aparelhamento e corrupção que marcaram os governos lulopetistas representam, na prática, o firme compromisso do presidente Temer com a responsabilidade fiscal em um momento de profunda crise. Apesar dos ataques raivosos e das mentiras propagadas por quem não se conforma em ter perdido seus nacos de poder, o governo de transição segue o seu caminho e conta, cada vez mais, com a confiança dos brasileiros. A estrada é longa, os obstáculos têm de ser superados, mas com trabalho, coragem e força de vontade será possível recolocar o Brasil nos trilhos e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento. O país está mudando e tem tudo para recuperar a autoestima e voltar a crescer.