*José Aníbal é senador da República (PSDB-SP) e presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela.
Duas semanas atrás terminei o artigo do blog me referindo ao que esperam de nós – parlamentares - os brasileiros que clamam por mudanças. Escrevi que os brasileiros “não suportam mais as disputas políticas eivadas de oportunismo e interesses pessoais. Querem gestos de grandeza de um Parlamento cheio de mazelas mas capaz de crescer e sintonizar com a sociedade em momentos cruciais. Este é um desses momentos.”
Pelo que vimos na eleição do novo presidente da Câmara e na decisão da Comissão de Constituição e Justiça de encaminhar para o plenário a decisão sobre cassação de Eduardo Cunha, o momento está acontecendo e deve perdurar. Em agosto o Brasil vai se livrar de Cunha e Dilma. Incertezas e instabilidades certamente vão continuar, mas a tese velhaca do golpe, propalada pelo lulopetismo em ruínas, estará constitucionalmente enterrada: a Constituição determina que, afastado o(a) presidente, assume o vice. Ponto. A Câmara dos Deputados, com Rodrigo Maia eleito por sólida maioria, voltará a ter o protagonismo político/legislativo de regeneração que está devendo ao País. O P arlamento não terá mais tempo a perder a não ser com uma agenda que é urgente e inadiável para sairmos da crise.
O território parlamentar, ocupado por um profícuo debate, seguido de decisões e votos quanto ao teto para aumento das despesas do governo federal, limitações para o crescimento da dívida, reforma da previdência, novos regramentos políticos, reforma trabalhista, vai finalmente poder acolher o desejo de mudanças dos brasileiros. Até porque, se não for por este caminho, a combustão espontânea cedo ou tarde voltará.
Sobram razões para um intenso ativismo parlamentar por mudanças e reformas que criem credibilidade e confiança para a retomada da economia. Nesta semana o IBGE divulgou a redução do consumo entre maio de 2015 e 2016: 9%! Uma paulada terrível, deteriorando a cada dia a condição de vida dos brasileiros. Mostra que Dilma e seu nefasto marqueteiro conseguiram realizar o terrorismo que atribuíam a um eventual governo dos adversários na campanha: um filme com a comida sumindo da mesa. Dramático para os mais pobres, que também mais sofrem com a inflação. Nos seis primeiros meses de 2016, a alimentação nos domicílios teve aumento de 8,8%, exatamente o dobro da inflação geral, que ficou em 4,4%. Os produtos farmac êuticos tiveram elevação de 10,6%, duas vezes e meia a inflação média!
Doze milhões de desempregados, crescimento da pobreza e economia ainda sem sinais expressivos de recuperação, constituem uma moldura dramática demais para ser ignorada, especialmente por aqueles aos quais incumbe decidir. Já votamos matérias que poderiam ser adiadas considerando a situação das contas públicas. Aumentos de salários a um custo de dezenas de bilhões de reais que serão cobertos por mais endividamento! Por pressão das corporações, justo elas, que têm estabilidade, garantia de emprego, aposentadorias especiais e uma permanente ação de cerco sobre e dentro do Parlamento.
Agora vamos votar pelos milhões de brasileiros que querem trabalhar, ter esperança de melhorar sua condição de vida com conquistas que só podem acontecer se o País voltar a crescer. Vamos votar pelo Brasil.