É como se a Olimpíada tivesse ajudado a cicatrizar velhas feridas.
Mesmo segmentos ainda ressabiados com os militares em função de velhos antagonismos dos anos de chumbo e dos tempos da guerra fria reconheceram, e vibraram, com o papel altamente positivo desempenhado pelas Forças Armadas na conquista de medalhas olímpicas.
Os jogos possibilitaram aos brasileiros o reencontro com a autoestima, o sentimento de natividade e os seus militares, felizmente hoje voltados para missões profissionais e constitucionais.
Não cabe aqui discutir 1964, ou quem foi quem em seus episódios. Isso é uma página da história que vai ficando para trás. Importa entender as razões que levaram as Forças Armadas a granjear tanta simpatia nos jogos do Rio. Sem sombra de dúvidas sua face mais visível foram os frutos colhidos de seu Programa de Atletas de Alto Desempenho. Mas não apenas ele.
A presença ostensiva das tropas deram tranquilidade e segurança à população, aos espectadores e, em especial, aos turistas. Serviu de força dissuasória a incursões do crime organizado ou do terrorismo que poderiam empanar uma festa assistida por bilhões de pessoas, no mundo inteiro.
Os brasileiros puderam perceber, portanto, o quanto as Forças Armadas são necessárias para a manutenção da paz, da ordem interna.
Essa imagem vem sendo construída desde a redemocratização do país, quando os militares promoveram seu recuo organizado para os quartéis. De lá para cá, seu contingente só foi às ruas quando convocado pelas autoridades civis para missões importantíssimas.
Garantiram a segurança dos chefes de Estado e da população na Eco-92, desempenharam função pacificadora no Haiti, retomaram para o Estado o controle de territórios até então sob o domínio absoluto do banditismo e do narcotráfico, como o Complexo do Alemão.
Ou seja, fizeram valer seu poder bélico quando o crime organizado deixou de ser um problema de segurança para ser um problema de ordem interna, de soberania territorial.
O Exército aplaudido agora é o mesmo que garantiu a tranquilidade da Copa do Mundo de 2014 e estará nas ruas do Rio de Janeiro nas próximas eleições municipais, para inibir, mais uma vez, a ação de criminosos e assegurar aos cariocas o direito de votar e de ser votado.
“Nenhuma nação do mundo será plenamente soberana se suas forças armadas não estiverem capacitadas e apetrechadas para fazer frente à realidade do século 21 ou XXI. O conceito de segurança nacional e a formação de se estruturar das tropas não podem ser o mesmo do século 19 ou XIX, quando a fronteira a ser protegida era a do Sul do país. Ou mesmo da guerra-fria, quando as academias e quartéis se voltaram para combater o “inimigo interno”. Isso deu numa longa noite de 21 anos.” Vamos deixar apenas século 21 e século 19. Tira o “ou XXI” e o “ou XIX”
Hoje os inimigos são outros e bastante real: o crime organizado, cada vez mais sofisticado, e o terrorismo, um fenômeno mundial, que, em algum momento, pode chegar ao Brasil, ainda que essa hipótese seja secundária.
Somos um país de fronteiras secas imensas, de um mar territorial gigantesco. Garantir a inviolabilidade aérea, territorial, marítima são os principais deveres das Forças Armadas.
São procedentes as preocupações dos oficiais de escalão superior quanto à defesa na Amazônia Legal. A região é fronteiriça com a Venezuela, cuja crise pode se desdobrar em guerra civil. A forte presença de tropas brasileiras no Norte do país é a melhor maneira de evitar, por meios pacíficos, que nosso território venha a ser utilizado por uma das partes em rixa.
Agregue-se ainda: a Amazônia tem sido um campo aberto ao contrabando de minérios e à biopirataria. Os militares não têm culpa dessa séria ameaça à soberania nacional. Querem e podem enfrentá-la, desde que lhes sejam dadas as condições; em termos de quantidade de tropas e de armamento moderno.
Já se vão trinta e um anos sem nenhuma intervenção militar na vida política nacional.
Essa medalha vale ouro! É ela que está sendo aplaudida nesse reencontro dos brasileiros com suas Forças Armadas.