*Alfredo Guarischi é médico, cirurgião geral e oncológico, especialista em Fator Humano
Com uma semana de Jogos, que tiverem seis anos para serem preparados, temos algumas tristezas.
A cor da água da piscina de um estádio é verde e no outro é azul. Disseram que eram algas, depois a chuva, e no final é mesmo falta de gerenciamento, pois a piscina do outro estádio continuava cristalina. Vão consertar.
A firma contratada para a vigilância nas arenas olímpicas por um contrato milionário não tinha experiência e os requisitos técnicos para a missão. Um questionamento de gente do ramo foi feito, e o contrato foi cancelado. Mas quem teve que arranjar uma solução de urgência foi o Governo Federal, que convocou mais militares da Força Nacional para fazer o serviço que deveria ser pago pela organização dos Jogos. Vão dar conta de mais uma missão.
Faltou comida para os torcedores, pois não havia atendentes suficientes e com treinamento para atender ao público. Funcionários dos Correios são contratados de urgência. Diante do caos, contratam “food-trucks”, mas esqueceram de instalar a energia para fazer os fogões e geladeiras funcionarem. Vão consertar.
Os motoristas voluntários para dirigir os carros para transporte de dirigentes e funcionários das diversas delegações são insuficientes, pois muitos desses voluntários não se apresentaram - apesar de terem pego os uniformes, tênis, credenciais -, e, com isso, motoristas profissionais são contratados em caráter de urgência. Vai dar certo.
O serviço de ambulância privado contratado a menos de 60 dias do início dos Jogos é um grande mistério quanto à sua efetiva experiência no atendimento de emergência. Felizmente, o Corpo de Bombeiros e o Serviço Médico da Rio 2016, com um seleto e treinado grupo de profissionais experientes, muitos médicos voluntários de outros estados, porém em menor número que o esperado, estão atuando; felizmente, os atendimentos têm-se relacionado a casos de menor gravidade. Deus é brasileiro!
Mas a beleza e a alegria que os Jogos trazem à Cidade são contagiosas. Como o Porto ficou lindo, assim como as inúmeras casas dos países que nos visitam são fantásticas! O BRT, os novos trens e o metrô, apesar de muitos problemas, estão atendendo à população razoavelmente.
Mas há uma coisa que incomoda muito.
Não foram as medalhas que perdemos, pois não faltou empenho de nossos atletas. Não foi a polêmica se nossos atletas militares medalhistas poderiam fazer continência em respeito ao hasteamento de nossa bandeira - até o dia de hoje, o ouro e o bronze do judô e a prata do tiro foram conquistados por atletas da Marinha e do Exército.
O que incomoda, dói no fundo do coração, é ver o nosso Hino Nacional ser editado, nos permitindo apenas cantar o começo e o fim de seus versos, para atender às exigências de tempo impostas por cartolas internacionais que lucram fortunas com esses Jogos.
Nosso povo percebeu e vai cantar o Hino Nacional de forma completa, pois não aceitaremos que a cronometragem nos retire 40 segundos de nossa medalha mais valiosa. Esse ouro nos pertence.