João Agripino Maia é advogado. Deputado Federal Constituinte. Consultor Legislativo do Senado Federal, aposentado
O General Golbery do Couto e Silva, então Chefe da Casa Civil do Presidente Ernesto Geisel, mandou soltar o metalúrgico Luiz Inácio da Silva mais conhecido pela alcunha de LULA, para demonstrar ao mundo que havia democracia no Brasil, mas, por certo, não imaginava que um inexpressivo líder sindical chegaria à Presidência da República.
Era o início da caminhada de sandálias franciscanas com a obstinação do gênio que sabia onde queria chegar. Elaborou um discurso maquiavélico, em defesa dos menos favorecidos e eminentemente radical contra os que chamava de ladrões: Sarney, Collor, Jader Baralho, Lobão e outros que tais, todos pertencentes “as elites” conservadoras do país.
Fundou o PT que foi crescendo junto com sua estrela maior, até chegar ao poder, depois de alguns insucessos bem planejados. Tão logo assumiu o governo, com a genialidade que lhe é atributo incontrastável, cuidou de apascentar os ânimos dos que temiam uma guinada brasileira à esquerda mais ortodoxa.
Manteve íntegra a política econômica traçada por seu antecessor. Desde logo, cercou-se de dois “companheiros” leais e fiéis: José Dirceu e Antônio Palocci (Casa Civil e Ministério da Fazenda). Ao primeiro delegou a tarefa de construir a base de apoio no Congresso. Ao segundo, a missão de aproximar-se do poder econômico.
Foi o princípio do fim que culminou com o efeito exterminador nessa eleição municipal.
O primeiro instituiu o “mensalão” para garantir a aprovação de todas as matérias propostas pelo governo ao Congresso, mediante pagamento regular de propina aos parlamentares da base aliada.
Além disso, ao invés de atrair lideranças éticas e competentes que honrariam o discurso, aliou-se aos “ladrões” de outrora a quem juntou outros novos. Só não contava com o Judas Iscariotes, travestido de Roberto Jeferson.
A primeira reação foi intestina: saíram do Partido Plínio de Arruda Sampaio e Hélio Bicudo, fundadores de conduta ilibada, que pressentiram a mudança do discurso d’antanho e que o barco emitia sinais de que estava à deriva.
No fim do segundo mandato, com índices de popularidade nunca antes alcançado por qualquer governante, imbuiu-se de inspiração divina e tirou do bolso do colete a “Mãe do PAC”, uma mulher de espírito monarquista, destituída de experiência política e administrativa indispensáveis ao exercício da Presidência da República, que, de plano, cometeu o mesmo erro de seus antecessores mal sucedidos: Jânio Quadros e Fernando Collor que ignoraram o poder legislativo.
O conjunto da obra veio a seguir com a descoberta da montagem do maior esquema de corrupção “nunca antes visto na história desse país”. Tomaram de assalto a Petrobrás, a Eletrobrás, os Fundos de Pensão dos próprios trabalhadores, o BNDES, a Transpetro, Br Distribuidora e tantos outros, com a complacência dos maiores empresários da construção civil, muitos presos e condenados, que negociavam e trocavam obras por “doações legais”, caixa-dois e propinas.
A seu turno, os Bancos nunca haviam registrado lucros tão exorbitantes quanto nesses últimos 13 (número cabalístico) anos! Por sorte, esbarraram na Justiça; na Suprema Corte que, malgrado tenha sua composição amplamente majoritária nomeada pelos governos do PT, optou entre a gratidão e a toga, pela TOGA! E foram se topar com um Juiz de primeira instância, tão íntegro quanto capacitado no rigor de suas decisões, mantidas invariavelmente pelos Tribunais de apelação.
O resultado das eleições municipais aí está, expresso pela soberania da vontade popular que fez cair a máscara do golpismo alardeado pelos que perderam o poder por inépcia e corrupção.
Dizia José Américo de Almeida, notável político paraibano, que “em eleição, feio é perder”.
Tinha razão, mas das derrotas eleitorais emergem lições que certamente norteiam o comportamento futuro e ajudam a corrigir erros. Agora, ao Partido dos Trabalhadores, em avançado processo de decomposição, resta, apenas e tão somente, uma única lição: O CRIME NÃO COMPENSA!