Parece que foi ontem. E já são passados 40 anos que Frei Arnaldo Maria de Itaporanga deixou o convívio das pessoas de Votuporanga e Ilha Solteira, partindo para a outra vida. Quis o destino que exatamente no Dia da Padroeira de Votuporanga, ele encontrasse a morte para viver eternamente na nossa mente e em nossos corações. “A Gazeta Esportiva”, o mais expressivo jornal esportivo do Brasil, daquela época, publicou uma crônica de autoria do escritor votuporanguense Edward´Coruripe Costa, a qual reproduzimos a seguir:
“A cidade de Votuporanga se vestiu de crepe com o falecimento de Frei Arnaldo Maria de Itaporanga, em lamentável desastre de automóvel, ocorrido no trevo da rodovia Washington Luiz que interliga as cidades de Votuporanga e Nhandeara.
Frei Arnaldo tão logo se ordenou sacerdote veio para Votuporanga exercer as funções de coadjutor junto ao vigário da paróquia. E em Votuporanga permaneceu por mais de dez anos devido a insistência do povo em suapermanência, chegando a preencher abaixo assinado com milhares de assinaturas, todas as vezes que seus superiores hierárquicos procuravam mudá-lo de freguesia.
Dentro daquela humildade dos frades franciscanos e com espírito muito brincalhão, Frei Arnaldo se tornou um ídolo entre as crianças e a juventude. Também era amado por todos os outros credos religiosos cujos adeptos lhe tinham verdadeira veneração.
No dia 12 de outubro, Dia da Padroeira de Votuporanga Nossa Sra. Aparecida, Frei Arnaldo que havia sido transferido para Ilha Solteira onde desempenhava as funções de vigário, convidou o seu colega Ludovico e ambos deixaram a cidade para assistirem a procissão motorizada de Nossa Senhora Aparecida, bem como o encerramento da VII Feira da Providência. Mas ficou no caminho, pois um ônibus do Expresso Itamarati abalroou o seu automóvel ceifando-lhe a vida e produzindo ferimentos graves em seu companheiro.
A população de Ilha Solteira queria que o seu corpo fosse sepultado lá, mas Frei Arnaldo sempre desejou que os seus restos mortais fossem sepultados em Votuporanga. Diante disso, a CESP – Centrais Elétricas do Estado de São Paulo, fretou um avião e após seis horas de velório naquela cidade, transportou o seu corpo para Votuporanga, onde foi velado na Igreja Matriz Nossa Sra. Aparecida.
Mais de 10 mil pessoas desfilaram ante o seu ataúde e o acompanharam até a última morada, após Missa celebrada da qual participaram o bispo D. Luiz Peres, da Diocese de Jales e mais de 25 freis vindo de todos os recantos do Estado.
Frei Arnaldo era ardente desportista. Não perdia uma só partida da Associação Atlética Votuporanguense e quando ia para o Estádio não esquecia de levar o seu rádio a pilha a fim de acompanhar as partidas do seu time, o Esporte Clube Corinthians Paulista. Certa feita, quando o Corinthians jogou amistosamente em Votuporanga, foi ele quem deu o pontapé inicial, posando em seguida com diversos jogadores.
A frente de seu ataúde, uma cruz de flores naturais e a bandeira do Corinthians pendente, como derradeira homenagem ao seu grande torcedor”.
Quanta saudade!