Quem acompanha o meu trabalho na Câmara sabe da minha indigestão com a velha política praticada por alguns deputados, da minha luta em defesa da ética e da moralidade no Parlamento e da minha coragem em tornar claras as minhas convicções.
Por isso, num Parlamento onde há representantes das mais variadas escolas de pensamento, é preciso que decisões sejam tomadas com responsabilidade e visão de futuro. Quero deixar claro que sou, e sempre fui, a favor da Operação Lava Jato, em especial, do Juiz Sérgio Moro, e estou do lado dos bons juízes e promotores, aqueles com os quais assumem com dignidade a função soberana, ética e honesta de fazer Justiça.
Como advogado, aprendi desde cedo a admirar o trabalho dos bons interlocutores da Justiça: juízes, promotores e desembargadores. Mas a história não me permite generalizar. Juízes e promotores não estão à margem da corrupção. Há gente boa e ruim em qualquer lugar, em qualquer profissão. A má intenção é que deve ser tolhida em qualquer esfera – sem distinção.
Movido por essa experiência, por ser ficha limpa e acreditar na soberania da Justiça, votei favorável à emenda que amplia o combate à corrupção para todos os agentes públicos, incluindo membros do Judiciário e do Ministério Público, assim como reza desde 1988 a nossa Constituição. “Todos são iguais perante a Lei”.
Votei ciente, inclusive, que enfrentaria um turbilhão de opiniões contrárias, afinal, para quem costuma se orientar por determinados setores da mídia, é um argumento forte a falsa alegação de que a medida vai limitar o trabalho da Justiça. Mais gravemente, vai “acabar com a Operação Lava-jato”.
Na verdade, o que se tenta construir é a política do medo, do retrocesso, do discurso estribado em sofismas e inverdades, sobre questões fundamentais. Se é para passar o Brasil a limpo, passemos com isonomia, igualdade e senso de responsabilidade - para com todos.
Não se trata, em hipótese alguma, de perseguição, retaliação ou obstrução da Justiça. Sempre apoiei o Ministério Público em suas lutas. O que não é justo - e não podemos admitir - é a conduta reprovável, irresponsável e isolada de alguns interlocutores. Para ficar num exemplo, do Juiz que deixou uma adolescente ser estuprada em uma cela com 30 homens no Maranhão; outra que se envolveu com narcotraficantes na Bahia; juízes que perseguem jornalistas no Paraná; que venderam sentenças no Tocantins. Esses, sim, casos isolados, e que merecem serem alvos de uma tipificação penal.
Ciência de responsabilidade é do que precisamos. Precisamos de debater com profundidade decisões importantes, pois elas terão sem dúvida impacto direto no futuro da democracia. Não precisamos de intolerância, ofensas e desrespeito. Precisamos de debate e aprofundamento. Já sentimos na pele a dor de uma nação ferida por histórias de corrupção, e estamos aos poucos, tentando construir soluções eficientes. Nossa democracia é forte e soberana e vai superar esse momento!