Dia desses papeando com um grande amigo, como é peculiar acontecer isso, comentamos um fato interessante. Dizia-me ele que seu médico é nota dez, como é costume falar quando as pessoas agem de forma coerente ou na realidade são fontes de sabedoria. Pois é, continuou ele, toda vez que marco consulta, mesmo que nada sinto, saio de lá com receita prescrita. Aquilo me pareceu estranho. Pudera, se você não apresenta nenhum quadro problemático para que ingerir drogas? Acho coerente solicitar exames para constatar problemas de saúde corriqueiros e aí sim, recomendar remédios. Ele retrucou, eu acho que o médico está certo em recomendar remédios mesmo quando não há necessidade de exames porque quando falo o que sinto ele acredita na minha versão. Estranho isso, não achas? Pensei cá com meus botões: será que o médico acha que se ele nada receitar seu paciente teria comportamentos inusitados, tais como: o paciente vai demorar a voltar; não acreditará no seu trabalho podendo escolher outro profissional na próxima consulta; ou então ser cobrado por laboratórios que fiscalizam seu receituário avaliando algum tipo comportamental de negócios? Esse papo com meu amigo me fez relembrar uma situação vivida por mim certa ocasião. Uma dor terrível me apareceu no meu braço esquerdo que não podia sequer fazer qualquer tipo de movimento.
Numa consulta que tive com meu cardiologista declinei o fato e ele me indicou um colega de profissão em São José do Rio Preto. Fui lá. Chegou minha vez, adentrei ao consultório e me deparei com um médico jovem, alegre e muito simpático em suas posturas. Pois não, disse ele, em que posso ajudá-lo? Doutor, um colega seu o indicou para resolver meu problema. Estou com uma dor insuportável no braço esquerdo e gostaria de sua opinião. Antes que ele fizesse qualquer tipo de alusão ao caso, imaginei que iria falar o seguinte: você tem uma hérnia de disco e isso é incômodo pela dor que provoca. Vou receitar uns remedinhos para atenuar a dor e dia tal você volta aqui para eu solicitar exames e indicar os remédios necessários. Mas não aconteceu nada disso, ele simplesmente curvou-se na sua mesa, esticando o braço, pegando um papel imprimido com alguns exercícios. Pegou sua caneta e marcou com um “x” aqueles que eu deveria fazer. Isso era uma sexta-feira. No sábado pela manhã comecei a fazê-los e no período da tarde a dor havia desaparecido. Caramba, esse profissional da medicina é aquele que a sociedade precisa. Se não tem nada, para que receitar drogas?!? Continuei fazendo os exercícios toda manhã até que chegasse o dia de voltar a vê-lo.
Nesse dia, entrei no consultório sorrindo e disse a ele: Doutor, o senhor tem alguma coisa contra laboratórios? Não, disse ele sorrindo. Continuei - não me recomendou nenhum medicamento, eu achei estranho, para falar a verdade. Ele me disse: “O que eu não quero para mim, menos quero para meus pacientes”. Hummmm.... que diferença, pensei eu. Bem, para encerrar o texto o leitor está querendo saber duas de suas dúvidas. Primeiro, por eu ter usado a palavra “imprimido” e não a palavra “impresso”. O verbo que fiz uso é ‘imprimir’ e não ‘impressar’. Segundo, o nome do médico é Fernando Filipe. Que você aproveite o texto e faça suas reflexões, o médico eu recomendo.