No suceder ligeiro e ininterrupto dos dias de enorme agitação que convulsiona o mundo, em meio a tantas desgraças, lutas e tragédias, existe anualmente uma semana de bênçãos e de graças. É uma pausa de reflexão. A semana santa simboliza dores, penas, sofrimentos, estigma vivo dos mais cruciantes, que a humanidade contempla estarrecida.
Esses dias revivem, impregnados pela fé, o desenrolar torturante de um drama salvador, que se inicia com a entrada empolgante e triunfal de Jesus, em Jerusalém, para, na quinta-feira, sozinho, no Morro das Oliveiras, experimentar as revelações de seu Pai, o Criador. Na oportunidade, anteviu toda a espécie de sofrimento que teria de suportar como mártir da civilização. Sua angústia de lágrima de sangue o conduziu ao apelo derradeiro: “Afastai de mim esse cálice”. Se alento esteve condicionado ao desejo do Pai: “se assim for o seu desejo, e não o meu”. Sua parte mais humana entrava em conflito ante a certeza da dor e da morte. O destino cruel não sofreu alteração. Jesus pagou o seu preço, com a própria vida.
Sumariamente foi torturado durante a noite e pela madrugada. Foi abandonado pelos apóstolos e traído por Judas. Os trâmites burocráticos romanos foram cumpridos aceleradamente. Na parte da manhã, da Sexta-Feira, seu rumo estava definido pela crucificação. Ao que corresponderia hoje por volta das doze horas, ele encontrou a dor na cruz. Após prolongado sofrimento, morreu na cruz na forma humana.
No Sábado da Aleluia permaneceu no sepulcro a fim de cumprir a profecia da ressurreição no Domingo de Páscoa. Entre os lances mais impotentes do martírio, um merece destaque. Tivesse Jesus afastado o cálice de si, a história universal seria outra. Cumprindo o seu destino, concretizou a divinização de sua mensagem e a abertura de novos horizontes à humanidade. Baseado nesta lição de vida e morte, o mundo pode refletir hoje. As dificuldades e desafios nos dias atuais são inúmeros. No mundo o temor pelos atentados a bomba disparada pelos terroristas e o avanço das armas químicas que aterroriza inocentes civis na Síria e em outras partes do planeta. No Brasil a crise econômica e a vergonha dos nossos principais dirigentes políticos. É preciso ter fé e esperança. Não será, pois, afastando a necessidade de superação que chegaremos a qualquer ponto dentro da realidade mortal.
É certo também que não será afastando a realidade espiritual do material que a civilização cumprirá um destino de mistérios insondáveis. Na condição humana, cada um de nós tem a possibilidade de extrair o seu rumo da mensagem cristã.
O Brasil corre o risco pela cegueira política de governos inescrupulosos e dominado por políticos corruptos, vergonhosos em suas ações e desmoralizados pela revelação na lista dos investigados pela Lava Jato. Não foi para permanecer na discórdia, a cisão, a ânsia de apoderar-se de dinheiro alheio, que Deus se fez homem e se ofereceu em holocausto.
Que nesta Páscoa, Cristo faça do nosso coração o seu sacrário, reavivando em cada um de nós o sentido de sua morte e da sua ressurreição.