A encruzilhada em que o lulopetismo jogou o Brasil cobra um preço mais alto do que se poderia imaginar.
Diante do desastre que provocaram – a maior recessão da história e desemprego que atinge 14 milhões de brasileiros e suas famílias –, as vozes do atraso repetem o discurso do “quanto pior melhor” e se voltam contra as reformas fundamentais para a retomada do crescimento econômico.
Fazem o mesmo que fizeram em 1994, quando Lula fez oposição ao Plano Real em vez de reconhecer que se tratava de um plano fundamental para tirar o país da crise.
Novamente, o petista tenta ludibriar o povo para colocar seus próprios interesses à frente dos interesses do Brasil. É desespero.
A coerência, a sensatez e a decência fariam com que o ex-presidente reconhecesse publicamente a necessidade de se reformar o sistema previdenciário, para que sejam corrigidas as desigualdades existentes nas regras de aposentadorias e pensões e garantir a sustentabilidade das contas públicas.
É compreensível o descontentamento das famílias com a situação da economia e com a retomada ainda insuficiente para recuperar o país do desastre lulopetista. Mas é pura demagogia usar essa insatisfação para tentar fazer crer que a maioria dos brasileiros quer que o país fique parado no tempo. Não querem, e deixaram isso muito claro ao apoiarem majoritariamente o fim de um governo marcado pela corrupção, encerrando-o pelo impeachment.
O que a insatisfação da sociedade reflete não é resistência a aperfeiçoar o arcabouço previdenciário, raciocínio que vale também para a anacrônica legislação trabalhista. O que existe é um compreensível ceticismo de quem vê o desemprego bater sua porta ou a de seu vizinho, um ceticismo que só será superado pela razão e pela informação, associada à recuperação da economia e do emprego.
Não é razoável acreditar que o povo seja contrário a combater aposentadorias precoces e muito acima da renda média do cidadão comum, custeadas com o imposto pago em cada compra no mercado.
Nem é plausível achar que a população é contrária a uma legislação pró-emprego, que permitirá maior oferta de trabalho, sem mexer em nenhum direito constitucional, como férias, 13.º salário e aviso prévio. Que melhore urgentemente a comunicação do governo.
A grita dos opositores das reformas parece alta, mas não para em pé. Entre a fumaça de pneus queimados, os estilhaços do vandalismo e o barulho dos agitadores de sempre que desrespeitaram o direito de ir e vir das pessoas na última véspera de feriado, o único argumento concreto que se ouviu foi a grita contra o fim da contribuição sindical obrigatória.
Se a principal bandeira de quem deveria representar os trabalhadores é o fim da apropriação de um dia de trabalho dos profissionais registrados, é um sinal de que a extinção desse imposto vem em muito boa hora.
Chega a ser patético ouvir sindicalistas recusarem a possibilidade de um acordo entre empregados e empregadores prevalecer sobre os anacronismos e a rigidez da lei. É contra a própria natureza de quem quer representar os trabalhadores – ou a confissão de que estão lá para representar outros interesses.
É preciso perseverar para que o bom debate prevaleça. É o que tem ocorrido mais no Congresso e nas mídias do que nos atos de uma minoria que se recusa a discutir com argumentos o que é melhor para o Brasil.
É na comparação de quais são as forças compromissadas com o presente que garante o futuro e quais são as vozes berrantes do atraso que a política de coragem para mudar prevalecerá e o Brasil retomará um ciclo de crescimento com redução efetiva, e não efêmera, da pobreza e das desigualdades.