Disse Jesus um dia: Maria, tu serás mãe. Seu filho será fruto do amor com seu esposo. No dia 27 de setembro terás o filho que tanto espera. Receberá na pia batismal o nome de Manuel. O mesmo nome do pai. E por isso deverá seguir os mesmos passos dele tendo a honestidade como bandeira, a humildade como espelho da grandeza dos vencedores, valorizando as coisas simples e nunca ostentando a luxúria, porque não há neste mundo nada que supere o diamante que Deus colocou na vida de vocês: essa criança. Mãe, até parece que foi ontem que você foi embora. Mas faz muito tempo. Foi em agosto de 1971 que você se separou de mim. Neste seu dia vou te levar flores, não que isso mate a minha angústia, mas ameniza a distância entre tu e eu.
Ainda continuo aqui, vivendo seus ensinamentos e a educação que me deste, mas nada disso mata a minha saudade de você. É muito grande a sua falta. Você não imagina como meus dias ficaram vazios por causa da sua ausência, do seu carinho e do seu jeito que ninguém soube copiar. Como foram santas as suas atitudes, suas preocupações comigo. Ainda me lembro das guloseimas que fazias nos justos momentos de seus descansos para ver nos meus lábios o sorriso do contentamento por poder devorá-las. Continuo sentindo seu cheiro mãe, ainda sinto o perfume que te envolvia quando me acalentava junto ao peito preocupada em me fazer adormecer em seus braços.
Ainda percebo a maciez do seu vestido feito com aquele tecido barato que você mesmo fazia naquela máquina antiga que ficava embaixo da janela no quarto onde eu dormia, aproveitando a claridade do sol. Que bom que meu velho pai te presenteou um dia. Pena que a gente perde essa preciosidade. Mãe, em seu nome e pela trajetória de vida que tiveste permita que neste momento eu possa homenagear todas as outras mamães que na sua época se preocupou com os filhos que também tiveram. Dá-me também a sua permissão para reverenciar em seu nome todas as que ainda hoje desempenham o seu papel. Amados filhos, jamais ignorem essa mulher que aceitou incondicionalmente deformar o ventre, desarranjar os seios, desorganizar o peso para colocar no mundo uma criatura para chamar de filho. Jamais abandone essa mulher que desistiu da vaidade para ser mãe, que abandonou seus sonhos para realização de suas vontades. Deus quando inventou a maternidade e entregou às mães estava realmente no melhor dos Seus dias. Ele sabia que só essa santa criatura poderia dar sua própria vida se preciso fosse para que outra criatura viesse ao mundo. As mães compreendem até mesmo o que os filhos não dizem.
No instante que uma criança nasce, a mãe nasce com ela. A mãe nunca existiu antes. A mulher existia, mas a mãe antes disso nunca existiu. Mãe, como Deus não poderia estar em todos os lugares Ele criou você para fazer as Suas vezes, disso não tenho dúvida. Mário de Andrade escreveu: “E o M gravado sobre a mão aberta, pela tua clareza, me desperta, um grato enlevo que jamais senti. Quer dizer Mãe este M tão perfeito, e com certeza em minha mão foi feito para, quando eu for bom, pensar em ti”.