Precisamos de tempo para compreender, inteligência para buscar o caminho, coragem para seguir adiante e nunca desesperar.
A frase acima parece um mantra dos grandes gurus da administração, mas foi a resposta do Papa Francisco a um jovem com necessidades especiais. Ao ouvir o questionamento do rapaz sobre o que fazer quando se enfrenta dificuldades, Francisco enfatizou que não se deve desesperar e sempre buscar maneiras de vencê-las, porque somos capazes de superar todas adversidades. Afinal, quem faz a diferença é o ser humano.
Nada tão atual para fortalecer nossa determinação em encontrar os meios necessários de vencer os obstáculos que ora vivenciamos no Brasil. Porque em paralelo a qualquer crise, não podemos parar. É inadmissível brincar com 14 milhões de desempregados do Brasil, nem com os quase 50 milhões de brasileiros que empreendem – formal e informalmente - e investem seus recursos para manter suas pequenas empresas ativas, gerando emprego e renda, mesmo sendo estrangulados pelos excessos de impostos, burocracia e dívidas.
No momento que os sinais de retomada voltaram, não se pode abandonar o campo de batalha; é preciso continuar defendendo a adoção de medidas que garantam a plena sintonia das políticas públicas com uma economia de mercado realmente competitiva.
Neste sentido, a única alternativa saudável passa pelas reformas estruturantes. E aqui reitero meu compromisso com o avanço das reformas – todas elas - tão essenciais e necessárias. A trabalhista, que vai regularizar as relações de trabalho do século 21, salvaguardando os direitos do trabalhador, a despeito do que muitos insistem em negar. Há muito não estamos mais vivendo na década de quarenta do século passado. Corremos o risco de sermos meros figurantes se não optarmos pela flexibilidade e modernização.
A tributária, que vai nos ajudar a vencer o desafio de expurgar uma das maiores cargas tributárias do mundo, cerca de 33% do PIB, que em valores monetários está em mais de R$ 2 trilhões. Um estudo do Sebrae mostra que os pequenos negócios que se beneficiam do regime diferenciado de tributação – o Simples – sobrevivem mais que as empresas que estão no regime do Lucro Presumido ou Lucro Real. Não só vivem mais, como criam mais empregos (10 milhões de novas vagas em 10 anos), porque os empresários têm mais tempo para cuidar do que é importante.
Outra reforma, a previdenciária, também é vital neste momento. A falta de mudanças profundas nesta área vai afetar, de forma severa, a economia pelas próximas décadas.
E ninguém mais duvida que o sistema político brasileiro precisa mudar radical e profundamente. Acredito que seja a mais complexa, porque é a raiz da crise que persiste em paralisar o país, atrapalhando a retomada do crescimento e a geração de empregos.
Por isso precisamos usar nosso tempo, inteligência e coragem para dar um basta e criar as bases de um sistema político que devolva aos brasileiros o sentimento de estar bem representados pelos políticos por ele eleitos.
Em pouco mais de um ano avançou-se bastante, com o firme apoio dos cidadãos de bem, mostrando que o Brasil tem jeito. Mas ainda há muito por fazer para transformar, de verdade, o Brasil em uma nação protagonista no século 21.