Votuporanga sempre teve uma característica muito legal. Desde seus primórdios já havia o costume dos amigos se reunirem para um bom papo e um cafezinho. Assim foi desde os tempos do bar do cinema, depois Bar Paramount, no Shinohara, mais acima na Amazonas no Shigueto, Bar do Baba e depois o pessoal do Taki Bar. Existiu, também, o Bar do Tufi, nas imediações do, hoje, Bradesco. Existiram outros, sem duvida, porém, mais recentes. Estou comentando sobre os anos 40, 50 e 60. Não era só nas manhãs, à noite, também, principalmente lá pelos lados do cinema, na Praça da Matriz. Com o advento da TV e sua popularização, as turmas da noite foram se extinguindo, o que é uma pena, pois, sem dúvida, muitos papos deixaram de existir, ou como se dizia “muita conversa deixou de ser jogada fora”. Os cafezinhos são momentos excelentes para uma descontração, onde os amigos e frequentadores se respeitam, entendem as convicções políticas e futebolísticas uns dos outros e, muitas vezes, no passado, nesses papos saíram boas ideias para o desenvolvimento da cidade. Os Votuporanguenses sempre tiveram uma convivência pacífica e respeitadora. Agora, passados os tempos, aqueles que por aqui ficamos, podemos entender que as rusgas que existiam devem ser esquecidas, muitas das pessoas já passaram, tiveram suas contribuições para com a comunidade, e de nada adianta ficar remoendo o passado, mesmo porque o bom negócio é respeito, generosidade e bola pra frente.
O Brasil já está se demonstrando diferente. Existe, parece, uma briga sem fim de quadrilhas, cada uma querendo uma parte do butim e no tiroteio entre elas quem está saindo perdendo é o povo. Pena que existem pessoas, cada um com sua convicção, torcendo para alguma delas como se fosse futebol. Tudo que está acontecendo, vai comprovando diariamente que a briga é de quadrilhas mesmo. As vinganças entre elas são prejudiciais à população, e estamos assistindo, também, a proliferação dessas vinganças. Cada dia fica pior, cada dia a tal de luz no fim do túnel fica mais distante. Vamos torcer para que não apareça nenhum lanterneiro tresloucado, disfarçado de bonzinho e pertencente a umas das quadrilhas, e leve o país para décadas de atraso e sofrimento. Estamos em pleno século 21, com apenas alguns anos da introdução da internet e todos seus penduricalhos, e o país precisa se preparar para o futuro. Principalmente a educação precisa todo apoio, o preparo da “molecada” vai ser muito importante para esse novo mundo que vem por aí. E vai ser um mundo totalmente novo, só não enxerga quem não quer. O mundo está ficando pequeno para a tecnologia atual. A aviação de verdade tem menos de 100 anos, o homem já foi para lua em foguetes formidáveis, existem aviões que já ultrapassam a velocidade do som há um bom tempo. Já pensou como será a velocidade desses deslocamentos daqui algumas décadas e como será o planeta?
Enquanto tudo isso e muito mais, muito mais mesmo, acontece, nossos políticos ficam com guerras de quadrilhas e, não tenho receio de dizer, todas sem escrúpulos. Precisa surgir um consenso no país, de homens de bem, destituídos de vaidades e richas pessoais, que possam se sobrepor a essa infelicidade instalada. É preciso acontecer uma reforma política, onde o voto distrital exista. Os legisladores precisam ser cobrados em suas bases, com votos confinados em sua área de residência e influencia, para que respeitem os eleitores e não saiam comprando votos por ai como se fosse algo banal. É preciso haver uma reconfiguração da administração pública no país, em todos os níveis, muitos cargos não podem ser de favores e os outros precisam ser preenchidos e assumidos com responsabilidades definidas e taxativas. O poder público precisa ser entendido como coisa muito séria. A partir daí, se acontecer, que deixem o povo trabalhar. Para tanto, entendo, as brigas de quadrilhas precisam parar enquanto é tempo.