O garoto chegou em casa entusiasmado. Chegou à mãe e disse: - “Mãe: tenho algo engraçado para contar!” E a mãe respondeu: - “Antes de me contar, veja se aquilo que você quer me dizer passa pelo teste das três peneiras: 1. A notícia é verdadeira? 2. Essa notícia tem bons propósitos, me fará bem saber dela? 3. É algo relevante, que eu não poderia deixar de saber?”.
Não interessa saber se o menino acabou contando ou não. O que interessa é lembrar que essa boa prática, muito comum ao tempo em que as mães assumiam a missão de serem as primeiras mestras, seria bem-vinda nestes tempos de pós-verdade.
Veiculam-se versões as mais estapafúrdias, sem qualquer compromisso com a realidade. É corriqueiro constatar que a maledicência corre como rastilho de pólvora, ou em velocidade supersônica, enquanto que a recuperação do verdadeiro caminha como lesma.
Quanto tempo se perde com fofoca, diz-que-diz, alusões sarcásticas, pequenas ou grandes maldades, descompromisso ante a demolição da honra alheia. O poder de invenção das pessoas é imenso. Se fosse direcionado a melhorar o convívio no Planeta, estaríamos salvos.
Lamentavelmente, enquanto os valores declinam, a busca de novidades deriva muitos espíritos daquilo que realmente valeria a pena. Há um compromisso posto sobre os ombros de todas as pessoas de bem, com vistas à edificação de uma Pátria justa, fraterna e solidária. Foi o comando do constituinte de 1988 que nos elaborou um pacto que garantiu a permanência da estabilidade institucional.
Entretanto, quem é que se dispõe a semear compreensão, amizade, pacificação, harmonia? É nefasta a veiculação de entreveros verbais que acabam em confronto físico e envolvem adultos, mas também jovens e até crianças. Mais triste ainda verificar que em algumas desinteligências, os que assistem, longe de uma intervenção eficaz para separar os contendores, açulam, incentivam, torcem e formam alas para incentivar a continuidade de uma cena degradante.
Tudo pode começar com esses comentários desairosos. Hoje disseminados de imediato pela realidade virtual. Depois que ganham o mundo, é praticamente impossível recompor a verdade. Haverá quem descubra a veiculação e faça questão de requentá-la, reiniciando nova corrente de difamação.
O teste das três peneiras, tão antigo quanto em desuso, faria muito bem à reconstrução da vida social se viesse novamente a fazer parte de nosso cardápio atitudinal.