Aécio Neves é um homem de sorte. Como diria um velho amigo, “pega nada, titia”. O ex-médico Abdelmassih também parece um homem de sorte. O sujeito que atropelou, de propósito, no domingo, 25, skatistas que comemoravam o dia mundial do Skate, nem ficará preso, diz o delegado que o ouviu nessa segunda.
Temer, então, nem se fala. Posa como homem de sucesso. Somam-se denúncias contra Temer e todos eles - e outros mais - e sobra hipocrisia no país da impunidade. Os denunciados pagam pouco, ou quase nada, à sociedade corrompida e aviltada.
Flagrado em conversa comprometedora, Aécio terá preservado seu mandato. O presidente do Conselho de Ética e Decoro do Senado não fez objeção ao dialogo suspeitíssimo em que Aécio pede dinheiro ao empresário investigado Joesley Batista.
Como agravante, Aecio ainda sugere que o montante solicitado a joesley fosse entregue “a um que a gente mate antes de fazer delação”. Aecio responde a outros vários processos no Supremo Tribunal Federal. Um de seus seus casos parou nas mãos do ministro Gilmar Mendes, com quem tem uma relação amigável. A escolha do relator se dá por sorteio. Que sorte de Aécio!
Temer foi denunciado esta segunda pelo Procurador Rodrigo Janot, por corrupção. Mas (querendo parecer) alheio às questões que se acumulam na justiça contra ele, o presidente repete o discurso: está fazendo o melhor governo dos últimos tempos, e enaltece as reformas em andamento. Temer está nas gravações de Joesley, em encontro altamente duvidoso.
O ex-medico Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão, pelo estupro de 37 mulheres, acaba de ser agraciado - por uma juíza - com a permissão para cumprir a pena em casa. A indignação entre as vítimas é flagrante. Revolta que se deu quando a mulher de Sergio Cabral, Adriana Anselmo, recebeu a mesma regalia. Abdelmassih e Adriana são sortudos. E muito ricos.
O homem que atropelou, propositalmente, skatistas na rua Augusta, interditada para o transito, no Dia Mundial do Skate, se apresentou ontem pela manhã. Esse sujeito jogou seu carro contra os esportistas. Ainda assim, foi liberado pelo delegado assim que prestou depoimento.
Se exemplos não nos faltam, leis também não. São 181 mil normas federais. Ainda assim, há brechas para a impunidade ou abrandamento de penas. Tolerância legal num mundo de tantas intolerâncias.
Que o diga Fernanda (nome fictício), a mãe que roubou ovos de Páscoa e peito de frango de um supermercado, em 2015, e foi condenada a três anos e dois meses em regime fechado. Na prisão, em abril último, deu à luz seu quarto filho. Com ele, divide uma cela. E mais 12 detentas.
No discurso de segunda, Michel Temer garantiu que nada o destruirá nem ao seu governo. Nessa marcha da liberalidade legal e jurídica, que ninguém duvide de suas palavras. Sorte deles. Azar o nosso.