Colocar o Brasil nos trilhos envolve vários fatores. Um dos mais importantes é a escolha correta da “bitola” e sua padronização, a fim de garantir que o fluxo do que é transportado seja mais rápido, dinâmico e seguro.
No último ano, tivemos avanços expressivos na uniformização das medidas, com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limitou os gastos públicos, a regulamentação da terceirização, o encaminhamento das reformas trabalhista e previdenciária, o controle da inflação e o firme combate às práticas de corrupção nas esferas pública e privada.
Mesmo sem ter finalizado todas as obras de adequação das “bitolas”, a economia brasileira já sentiu o impacto: o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano em relação ao quarto trimestre de 2016, encerrando um ciclo de oito quedas trimestrais consecutivas e apontando o fim da recessão; a taxa de juros básicos está em 10,25%, a menor taxa desde dezembro/2013, a taxa de inflação do período (IPCA-IBGE) apresentou a menor variação para um primeiro trimestre do ano desde 1994: + 0,96%.
Com tudo isso, os pequenos negócios, maiores geradores de empregos da atualidade, voltaram a operar no azul. De acordo com os dados do Sebrae-SP, no primeiro trimestre de 2017 os 3 milhões de pequenos negócios paulistas registraram aumento de 3% no faturamento real, quebrando uma série de 11 trimestres de queda consecutiva no faturamento real. As micro e pequenas empresas de serviços e de comercio puxaram esta retomada, com aumento de 6,9% e 3,5%, respectivamente. As indústrias de pequeno porte ainda estão sofrendo os justes e apresentaram, no período, queda de 10,3% da receita.
Tais resultados confirmam que a economia está em processo de retomada, como esperávamos. Mas também indicam que o crescimento pode ser mais expressivo, tirando do Brasil do patamar modesto em que se encontra. É hora de os trens andarem a uma velocidade mais compatível à nossa necessidade de arrancada.
Para entrar definitivamente nos trilhos, será preciso finalizar, rapidamente, a padronização das bitolas que ainda impedem a movimentação sem paradas, com os bancos voltando a expandir o crédito para o setor produtivo, o Congresso Nacional aprovando os novos modelos de relações trabalhista e previdenciária e colocando em pauta a reforma política, além de reduzir ainda mais os gargalos que prejudicam a competitividade de nossas empresas, como a taxa de juros básicos e os excessos tributários e burocráticos.
Mais que números e taxas relevantes de desempenho, tais mudanças estruturais vão deixar o caminho livre para que iniciativas como as do Ricardo Azevedo, da empresa Minitrat, que produz estações de estação de tratamento de esgoto ultracompacta, de alto desempenho e baixo custo, do Thiago Jucá, da Protesis, startup que produz próteses impressas em 3D, a preço cinco vezes mais baixos que os do mercado, e do Paulo Soares, da Ferrari Courrier, que com sua bike saiu da informalidade e está expandindo seu modelo de negócios de entregas sustentáveis, se multipliquem exponencialmente gerando não só produtos e serviços de excelência, mas também novas e melhores oportunidades de trabalho, amplamente conectadas com as necessidades da 4ª revolução industrial.
Podemos (e temos) que sair do estágio letárgico para figurar entre os principais players deste mundo novo; basta querer, basta ajustar as “bitolas”