Lamentavelmente toda semana as manchetes dos jornais nos “presenteiam” com tristes notícias. Até parece que vivemos no trânsito louco das grandes metrópoles. Vidas são ceifadas na flor da idade e as famílias se penalizando pelas perdas cruéis provocadas pelo trânsito desprovido de bom senso. Será o aumento de veículos (carros e motos?) ou será a irresponsabilidade e inabilidade de quem tem essas máquinas nas mãos? Mais me parece a segunda hipótese. Ultrapassagens não têm regulamentação (no código sim), principalmente dos motociclistas que ultrapassam veículos pelos dois lados. Os veículos também não se posicionam do lado direito das ruas, dando acesso aos que ultrapassam. Os motociclistas querem estar perto dos faróis para saírem primeiro.
Tanto motoristas dos veículos como das motocicletas não respeitam o espaço dos cruzamentos de uma rua com outra. Quem está na via preferencial se julga no direito de acelerar e realizar o cruzamento sem sequer imaginar que um inapto condutor possa cruzar na sua frente. O policiamento faz o que deve e o que pode pelo que tem em suas mãos, mas não existe e nem poderia um policial em cada esquina. O abuso de velocidade é coisa impressionante. Em determinadas horas do dia as ruas viram pistas de fórmula 1.
Semáforos fixos de nada adiantam porque todo mundo sabe onde ficam e coloca o pé no freio. As lombadas são mais usadas como testes de habilidades dos veículos de duas rodas. Acho que o que falta mesmo é a cultura de se dirigir e o uso da direção defensiva. A penalidade é branda e às vezes nem aplicada. Essa realidade mais parece fruto de uma sociedade ansiosa, formada pela vontade de ‘ter’ do que pela coerência do ‘ser’. O domínio do ‘ter’ sobre o ‘ser’ empobrece o ser humano e na maioria das vezes acaba por modificar o seu comportamento principalmente sobre duas ou quatro rodas. Programas de ajuizamento já existem nas escolas (PROERD), mas parece que quando a criança se torna jovem esse aprendizado se perde por outras situações familiares que acabam por apagar da mente da criança um aprendizado sadio e o respeito que os instrutores lhes incutem. E as crianças, agora adultas acabam por serem vítimas dos seus próprios comportamentos. Sofrem todos, inclusive as famílias pela perda prematura de entes queridos. Por outro lado, há tanta inauguração na cidade e até mesmo “reinauguração”, por que não investir numa maior fiscalização desses abusos desenfreados de motoristas e motociclistas.
Já não basta mais ficar falando da “estrada do 27”. Isso já passou das medidas. Executivo e Legislativo precisam sair às ruas para ver as atrocidades do trânsito, discuti-las e aplicá-las. Isso também é governar. Tenho dito.