Eu fiz tanto por essa sobrinha e até hoje ela nem me agradeceu.
Eu até gostaria de ir, mas não dirijo.
Eu não tenho tempo como você.
Você já ouviu algumas dessas frases?
Iniciei todas pelo pronome pessoal “eu” como o sujeito da frase só para lembrar que na maioria das vezes quando falamos uma delas, somos egocêntricos e olhamos somente para “nosso umbigo”.Escolhemos a posição de vítima, a posição de coitadinho. Pense nas respostas das perguntas:
- Coitado de ti! Essa sua sobrinha não merecia tudo o que você fez.
- Coitadinha (porque essa frase normalmente vem de nós mulheres). Não dirigir deve ser muito difícil mesmo.
- Coitado de ti! Esse seu patrão te explora mesmo.
Entendem o que esperamos? Sermos os “coitados” , as vítimas da vida. Esperamos a pena dos que estão à nossa volta.
Esses dias conversei com duas pessoas em um projeto que me inspiraram a escrever sobre o vitimismo. Uma delas tem alguns problemas físicos visíveis, e sempre que eu a via imaginava a sua dor, mas não imaginava que era tanta. Ela contou que sofreu um acidente e sua coluna “moeu’. Os médicos diziam que ela não ia andar. Um belo dia ela acordou e decidiu que iria andar e tentou, tentou, por vários meses, até conseguir. Faz todo o serviço de limpeza da casa, faz comida, cuida dos filhos, ajuda as pessoas e ainda anda a pé. Ela só me contou o problema porque eu perguntei, pois se você olhar para ela, ela está sempre sorrindo. No final eu disse: e a dor? Ela disse que é intensa e constante, mas ela não se deixa abater, acorda e faz tudo o que uma pessoa com o físico perfeito faria. Uma lição de vida.
A outra é um senhor muito forte e musculoso. Eu perguntei se ele ia na academia treinar, e ele disse que treina em casa, todos os dias. Isso mesmo, todos os dias, em casa, sozinho. E a filha que estava ao lado acrescentou: eu admiro muito ele, sempre disposto.
Com essas duas lições da semana tive a certeza de quem quer, faz! Aquela senhora acordou cedo e mesmo com dor, decidiu participar do estudo. Aquele senhor não viu limitações para o desejo de “malhar” e todos os dias cumpre o que prometeu para ele.
Vemos pessoas preocupadas em ajudar o outro, nós nos preocupamos em ajudar, em fazer tudo para nossa família, para as pessoas do nosso círculo de amizades. Mas será que o outro quer ser ajudado? Quer sair da posição de coitadinho? Quer crescer e assumir a sua responsabilidade? Às vezes o que o outro precisa não é de ajuda, é de abandono. Digo abandono no sentido de deixá-lo agir como ele quiser, andar sem nosso apoio. Talvez seja isso nossa maior caridade para com ele.
Agora se a posição de vítima é nossa, o convite é sair dela. Abandonar esse lugar que não é nosso. Abra o seu olhar, veja o mundo à sua volta e descubra que você existe, sofrendo como toda a população, às vezes mais, outras menos. Cuide da pessoa mais importante da sua vida: Você.
E como nosso foco é progredir, vamos juntos?
Como você usa o seu tempo? Gasta muito dele no seu dia ajudando quem não quer ser ajudado? Liberte-se disso e deixe o outro assumir o papel dele.
Analise no final do dia o que ele lhe trouxe de resultados, suas atitudes, suas falas. Detectou-se na posição de vítima em alguma delas? Acha essa posição confortável? Se achar a escolha é sua continuar nela. Achou que essa posição só lhe trará mais e mais energia de dó e pena? Viu que isso vira um ciclo de vitimismo que não ajuda ninguém? Levante, saia dessa posição de vítima e assuma seu papel no mundo, pois queremos o eu melhor, as pessoas à nossa volta melhor, um Mundo Melhor.
Vamos juntos?
Porque juntos somos +