Pensei até em não
escrever uma coluna para a edição de hoje, que, como em todos os anos, além de
muito especial, está belíssima. Todo mundo sabe que o Corinthians ganhou mais
uma, São Paulo e Palmeiras perderam, então vou exaltar Votuporanga. São páginas
e páginas mostrando o passado de lutas, o presente de conquistas e que
vislumbram um futuro ainda melhor, e A Cidade com sua equipe faz, neste dia,
uma edição que merece ser guardada.
Dos meus 50, vivi
ao menos 20 dos 80 anos de minha amada Terra, desfrutei de cada segundo na
infância, juventude e na fase adulta. Acompanhei e guardo no coração todas as
conquistas de Votuporanga, me recordo que ainda garoto, levado por meu pai, ia
aos extintos comícios dos candidatos a prefeito e a vereador, uma festa nos
bairros da cidade. Ouvia, mas não entendia as promessas e o que era discutido
ali porque a minha vida era jogar bola no campo da Vila América, fazer meu horário
como operador de som da Rádio Clube e tentar ser um bom aluno, algo que não
consegui, em meus tempos de Uzenir.
O futebol desde
cedo me encantava, não via a hora de ir ao “Plínio Marin” ver os jogos da
Votuporanguense, ia no "pela porco", ficava grudado no alambrado e
via de perto meu primeiro Ídolo, França. Com aquele cabelo que chamava a
atenção, ele não usava luvas, um artigo de luxo que só quem jogava em time
grande tinha. Um pouco mais tarde, comecei a encher a paciência de Wanderlei
Menegueti para me deixar acompanhar Cláudio Craveiro para ficar sentado ali do
lado do gramado, e confesso que nem mesmo o rolo dos fios que tinha que
desembaraçar me desanimavam.
Minha veneração por
aquilo era tão grande que era impossível achar algum obstáculo, me realizava
vendo o nosso saudoso estádio e, em cada jogador da Alvinegra, mesmo os mais
ruins ou pernas de pau, um ídolo. O tempo passou e logo eu estava na função de
Claudião, tentava ao menos fazer um trabalho que pudesse ser parecido com o
dele, mas em vão. Minha adolescência e juventude corriam assim, vivendo intensamente
o que a nossa cidade oferecia. Em fevereiro, o carnaval com os desfiles da rua
Amazonas e os bailes no Assary e no VotuClube, e com cobertura forte das rádios
Clube e Cidade. Agosto era o mês mais especial, além do aniversário, tínhamos a
Exposição, meu pai apresentou em alguns anos os shows e com cada atração. Chitãozinho
e Xororó, Milionário e José Rico, Matogrosso e Mathias, João Mineiro e tantos
outros. E eles atendiam todos no camarim, de fãs a emissoras de rádio e, além
do mais, faziam música de qualidade. O dia a dia, o que se vivia em Votuporanga
pulsava em minhas veias, até que um dia o destino me levou pra longe. Só
fisicamente, porque estou e estarei eternamente por aqui, em cada canto da
minha Terra Querida, e, como dizia meu pai quando pela Euclides da Cunha avistava os primeiros prédios, nos anos 80:
"estamos chegando no Paraíso". Aliás, meu pai, hoje na Escola de
Artes que eterniza seu nome, acontece uma apresentação da Orquestra Sinfônica
com a regência do maestro Mazinho Sartori, comemorando os 80 do Paraíso que
você escolheu como morada eterna. Ou melhor nós escolhemos!