Teme-se, na Banânia, o tempo todo, o retrocesso; a volta às caixas pretas intocáveis, aos segredos e decisões tomadas na calada da noite, ao autoritarismo cavernoso, à esquerda e à direita.
São tolices. Não vai acontecer.
Vivemos um tempo de transparência - voluntária ou não -; coisa errada aparece; antes levava-se décadas para conhecer-se verdadeiramente os fatos, hoje, alguns segundos.
E é assim porque o acesso à informação politizou inclusive os trópicos e ninguém mais está a fim de matar-se de trabalhar para sustentar o que - ou quem - quer que seja que não opere em seu benefício.
Grupos acostumados aos bastidores, eminências pardas em geral, podem, eventualmente, ainda não ter se dado conta, porque, como se sabe, o defeito do cachimbo é deixar a boca torta, mas é inelutável que por mais que se aparelhe um sistema, por mais que se conjuge interesses, a própria politização, e, pois, natural oposição, levam ao mundo, em segundos, todo e qualquer movimento de poder, republicano ou não – e, claro, a sua interpretação imediata.
Hoje, todo e qualquer sistema apenas se mantém, se, e somente se, a opinião pública o quiser: ninguém mais é enganado – a menos que esta alternativa seja a mais vantajosa – o que acontece com assombrosa frequência na Banânia, e o que pode levar à confusão de uns e outros.
É triste, para não dizer vexatório, ouvir fantasmas do passado, que teimam em assombrar os trópicos, discursarem em apelo à ordem, à justiça, à lei, tentando, com palavras, coonestar o impossível – toda uma história de vida dedicada à corrupção, ao assalto ao erário, ao dinheiro fácil e sujo, à exploração vil dos mais fracos, e isto porque, os mais fracos, hoje, têm whatsapp e sabem de tudo - tu-do -, o que se passa e o que se passou com os fastamas de todos os matizes.
É, deveras, muito triste, a visão de almas penadas vagando pelos espaços do poder, aguarrando-se vergosonhamente a fios - tão frágeis! - de importância, e liturgias, em geral.
Não sabem que morreram; não conseguem compreender que o seu tempo passou, e que só estão onde estão, por força de circunstâncias que se resolverão, e com velocidade estonteante.
O retrocesso é um peso impensável nos dias que se sucedem.
O mundo todo, e a Banânia - ora veja! - começam a sentir a pressão que vem de baixo. Verdadeiramente de baixo.
Pode-se, evidentemente, ganhar-se tempo, com um cala boca, aqui, outro acolá, 40 bilhões inejtados em um mercado bananoso tem seu valor - não se pode negar -; mas, como também se sabe, dinheiro na mão é vendaval, e nos dias que se sucedem, um ou outro cala boca sós, não satisfazem: as pessoas - todas - querem viver bem, sabem que pagam, e caro, pra isso, estão cansadas de estórias, argumentos, apelos à ordem, à justiça, à lei; querem comida na mesa e netiflix, e vão errar e errar até obtê-los.
Às almas penadas que não se aperceberam, ainda: é um processo, está em curso, e não tem volta.
Está-se organizando, em grande estilo, o coro e a orquestra: vamos cantar pra vocês subirem.
Ou descerem.