Ninguém pôs o guizo no gato. Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal até se mostraram incomodados quando o país se indignou contra atitudes do colega Gilmar Mendes. Paramos aí. Até o momento, não se tem notícia da ação movida pelo Ministério Público sugerindo impedimento de Mendes em vários processos.
Gilmar Mendes não se intimida. Conta com amigos sinceros no Judiciário, Legislativo e Executivo. Reciproca verdadeira: políticos de vários matizes contam com ele. Michel Temer, principalmente. Temer, que costuma receber Gilmar em casa, no Palácio do Jaburu, tem em comum com o ministro do STF os disparos nem sempre certeiros de Rodrigo Janot.
O presidente, igualmente, não se acanha. O Brasil vai gastar o que não tem para bancar sua sobrevivência no Palácio do Planalto. É de Rodrigo Maia, no exercício da chefia da Nação (quem diria?) a avaliação de que o governo perdeu força no Congresso Nacional.
“Não dá para negar”, admitiu Maia nessa segunda, 4, ao prever mais uma denúncia contra Temer vinda da Procuradoria-Geral da República. Não dá mesmo. E está ficando caro. Realidade dura. Muitos políticos falam abertamente em cargos e emendas a serem endossadas pelo governo.
Sem cerimônia, o Planalto contribui como pode. Não esperou que o Congresso pedisse, como manda o figurino, e tratou de se antecipar em sua proposta orçamentária para 2018: praticamente triplicou o valor destinado ao fundo partidário em relação a 2017, chegando a R$ 888,7 milhões.
Fundo partidário mais gordo acontece no momento em que deputados e senadores discutem uma pseudo reforma política. E é anunciado por uma gestão que não consegue fechar as contas, ameaçando o contribuinte e o trabalhador com mais impostos.
Esperar para ver o que acontece. Se Rodrigo Maia fizer o que promete, Temer terá seu futuro decidido ainda em setembro. Em poucos dias, a Câmara votará - ou não - seu impedimento. Se Gilmar fizer o que tem insinuado, continuará firme e forte no Supremo Tribunal Federal. Se o STF fizer o que vem fazendo, tudo continuará como antes. Panelas, por favor, não metem medo. Não há muito o que fazer. Ou perdemos a coragem de fazer, paralisados pela impunidade e pela desfaçatez?