“- Os pais transmitem aos filhos, quase sempre, semelhança física. Transmitem também semelhança moral?
—— Não, porque se trata de almas ou Espíritos diferentes. O Corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito...” (Questão 207, de “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec).
Os pais, através das funções sexuais, geram o corpo do filho, mas o Espírito que virá ocupa-lo, pelo processo da reencarnação, será uma individualidade.
Os Espíritos são criados por Deus, na simplicidade e na ignorância, caminhando cada um por si, rumo á perfeição a que todos estamos destinados. As sábias e justas leis divinas contribuem para o nosso desenvolvimento, mas o trabalho de aprender, crescer e conquistar o progresso é totalmente nosso.
Dessa forma os agrupamentos familiares vão se formando pelos laços da afinidade, deveres e compromissos que uns tem para com os outros. Dificilmente numa família reencarnam Espíritos estranhos ou alheios aos interesses do grupo.
No entanto, os pais transmitem aos filhos uma herança genética, que caracteriza a formação do novo corpo, mas não conseguem transferir aos rebentos que chegam uma herança moral. A obtenção de tal conquista é atribuição exclusiva do Espírito que inicia nova reencarnação.
Também não podemos ignorar que os genitores exercem muita influência sobre os filhos que aportam em seus lares, portanto, quando eles se assemelham aos pais no caráter moral não foi porque receberam tal virtude como doação, mas sim porque se esforçaram e aprenderam as lições que tiveram a felicidade de vislumbrar no ambiente doméstico.
Dessa forma, podemos perfeitamente entender a responsabilidade que pesa sobres os ombros das famílias e daqueles que mantém a infância sob seus cuidados. Certamente, as palavras ensinam e informam, mas indiscutivelmente, são os exemplos que arrastam e convencem. Nosso discurso perde força e se torna quase nulo quando falamos ou tentamos ensinar aquilo que não conseguimos exemplificar.
Obviamente, não transmitimos semelhança moral aos nossos filhos, mas com o nosso comportamento digno e reto possibilitamos que eles formem o caráter nos padrões da decência, nobreza e sublimidade.
E, em verdade, ninguém mais tem qualquer dúvida de que os pais são, em primeira instância, o espelho dos filhos. Existem exceções onde pais bons convivem com filhos problemas e pais desequilibrados com filhos ajustados, mas realmente são exceções, pois via de regra os exemplos paternos ditam o caminho dos rebentos.
Observemos, então, quais exemplos estamos informando dentro dos nossos lares, uma vez que olhos atentos, mesmo que pequeninos, nos observam com muita avidez e discernimento, com frequência copiando aquilo que vêem.
É bom que não olvidemos que se a infância e a juventude de hoje não estão atuando dentro dos padrões de educação, disciplina e ajuste é porque há carência de bons modelos ou referenciais para seguirem. Ao culparmos os jovens pelos possíveis desequilíbrios que apresentam, estamos automaticamente culpando os adultos que não souberam dar-lhes as diretrizes que necessitavam. Há, sim, exceções, mas poucas.
Exemplifiquemos honradez, dignidade, respeito, disciplina, perseverança, idealismo, fraternidade, desprendimento, renúncia, solidariedade, amor, tolerância, paciência, trabalho, honestidade e equilíbrio aos nossos filhos e, dificilmente, eles viverão seus dias de forma diferente.