Três décadas de luta sem trégua, muitas idas e voltas, intercalando momentos de otimismo e pessimismo, mas, ao final, o resultado foi o melhor possível para o desenvolvimento do Oeste Paulista e para a integração nacional.
Em 28 de maio de 1998 o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, inaugurava a grande obra da história regional, a ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, ligando São Paulo ao Mato Grosso do Sul, um investimento de mais de R$ 500 milhões.
A obra preconizada por Euclides da Cunha no início do Século passado finalmente saía do papel. O engenheiro e escritor enxergou na estrada precária, que ligava Jaboticabal ao Porto Taboado, um futuro caminho da integração nacional, para levar o desenvolvimento ao coração de um Brasil virgem e inóspito. Em 1901, ele deixou registrada a célebre frase: “... se isto (a construção da ponte) não acontecer, nos faltarão um grande engenheiro, um grande ministro e um grande chefe de Estado...”
Muitos engenheiros, ministros e chefes de Estado passaram nas quase três décadas em que lideramos a luta pela construção da ponte. Recordo que convencemos o governo de São Paulo a pagar por metade da obra.
A ponte avançou até o meio do rio e parou. Mas o que fazer com meia ponte? Voltamos então nossos esforços para a União, numa época em que fui deputado federal. Mobilizamos lideranças dos dois estados, fizemos inúmeras concentrações regionais, jamais esmorecemos.
A persistência deu resultado e a ponte de 3.700 metros, obra única da engenharia nacional, projetada em treliças, montada como se fosse um gigantesco brinquedo, foi finalmente retomada e concluída.
A travessia rápida substituiu as pesadas balsas. O tempo para cruzar o rio, que era de uma hora em média (quando o clima permitia), era agora de no máximo três minutos. As cidades nos dois lados da fronteira de São Paulo e Mato Grosso do Sul experimentaram um incremento no intercâmbio comercial, cultural, turístico e de lazer.
Com a ponte funcionando, a duplicação da rodovia Euclides da Cunha tornou-se inevitável. Hoje, é possível ir por pista dupla de Santa Fé do Sul a vários pontos do Brasil. Comodidade, segurança, progresso.
Três modais de transporte se unem nesse trecho do rio Paraná. Na parte superior da ponte passam os veículos, na inferior os trens de carga, que levam 10% da produção nacional de grãos para o Porto de Santos. Abaixo, barcaças cortam o rio levando variadas cargas.
Vinte anos depois a vocação para o progresso se consumou. A partir da Ponte Rodoferroviária a ferrovia rasgou o Centro-Oeste brasileiro, e de lá vai desbravando sertões rumo a novos destinos, levando desenvolvimento e a semente da integração nacional e continental plantada por Euclides da Cunha.
O momento é de lembrar e celebrar, mas há outras demandas. Notamos que há uma necessidade urgente de manutenção regular, para que essa obra estratégica seja preservada. Fiz uma solicitação ao DNIT para que recupere a iluminação e o piso da ponte o quanto antes e para que haja melhoria na sinalização para embarcações na hidrovia.
A luta pela ponte foi longa, mas valeu a pena. Houve uma mobilização histórica em toda a região. Além da classe política e dos cidadãos, devemos muito aos órgãos de imprensa, engajados desde o início nesta grande batalha, cujo desfecho orgulha a todos nós.