W. A. Cuin
“-A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?
— Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então, todos os povos serão irmãos.” ( Questão 743, de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec).
Equivocadamente, pensamos que a guerra se configura apenas em conflitos bélicos entre as nações, onde os povos, fazendo uso de armamento pesado e de alta tecnologia, se lançam uns contra os outros, movidos por interesses de toda ordem, em verdadeiras carnificinas.
Sem dúvida, essa é uma guerra ostensiva, que chama a atenção pela agressividade exacerbada, pelos prejuízos visíveis e pelo sofrimento profundo que causa as pessoas, mas outras formas de guerra existem que provocam imensos malefícios à humanidade e que nem sempre são vistas com indignação.
Guerreamos quando cultivamos no pensamento a idéia de ferir alguém ou de prejudicá-lo de alguma forma, mesmo que não materializemos o nosso desejo, pois que criamos ao nosso redor um campo vibratório de natureza inferior capaz de emitir energia pestilenta, que tanto machuca nosso oponente quanto a nós mesmos.
Guerreamos quando atuamos em nossas atividades profissionais fazendo terrorismo contra os nossos concorrentes, entendendo que o sucesso deve ser somente nosso e que aos demais restam apenas derrotas e fracassos.
Guerreamos quando agimos no meio social em que militamos como peça destoante do equilíbrio e da sensatez, espalhando confusões, intrigas e malquerenças, contribuindo para a formação de ambientes desajustados e infelizes.
Guerreamos quando dentro do lar não sabemos conviver com os demais familiares, semeando a discórdia, a agressividade, a falta de educação ou plantando o medo e a insegurança em nome do respeito.
Guerreamos quando não conseguimos identificar no irmão de caminhada, alguém que também deseja viver em paz e que segue sua vida procurando pela felicidade.
Guerreamos quando alimentamos, descuidadamente, o egoísmo e o orgulho em nosso coração, essas terríveis chagas que tantos males e dissabores tem provocado em nosso meio social, fazendo correr imensos rios de lágrimas e nascer enormes montanhas de dor no contexto social em que vivemos.
Guerreamos quando acreditamos ser melhores e mais importantes que os outros e que somente os nossos direitos devam prevalecer, custe o que custar.
Guerreamos quando entendemos que temos direitos a privilégios e deferências especiais, a destaques e honrarias, pois que nesse momento estaremos subindo em pedestais ilusórios, restando a outros a condição de bajuladores ou de admiradores.
Como podemos observar, a guerra é muito mais ampla e nefasta do que aparenta.
Um avião bombardeiro, um míssil poderoso, um canhão de longo alcance fazem verdadeiro arraso, destruindo, matando, mutilando, liquidando com as esperanças de tantas criaturas, mas ações de desequilíbrio, insensatez, indiferença e descaso para com os semelhantes, promovem tragédia da mesma intensidade no seio das coletividades humanas.
Por certo, quando compreendermos, conforme nos ensina as valiosas e inesquecíveis lições de Jesus Cristo, que somos filhos do mesmo Pai Celestial e que todos carregamos na intimidade os mesmos desejos de felicidade e de desfrutar uma vida em paz e que somente alcançaremos tais conquistas quando “amarmos uns aos outros”, haveremos de laborar para que não existam guerras de espécie alguma.
Nesse dia, então, entenderemos que a nossa serenidade só será possível quando todas as criaturas asserenarem.
Reflitamos...