Narrador Rogério Assis
** Há semanas, num programa do FOX Sports, Carlos Eugênio Simon admitiu e se desculpou com Obina por um erro no jogo Fluminense x Palmeiras de 2009, o que para muitos foi fundamental para a derrocada do time no Brasileirão daquele ano. Mentira, afinal o Palmeiras ainda jogaria mais duas partidas. O oportunismo em algumas situações beira ao fanatismo exacerbado ou pior, a um jogo onde se empurra a culpa por um fracasso em algo menor. O famoso "jogar pra galera" é habitual por aqui em todas as circunstâncias, e no futebol com a pouca ou nenhuma inteligência de alguns, os dirigentes imaginam poder enganar a todos. Belluzo, presidente do Palmeiras em 2009, esbravejou e fez um discurso ridículo sobre o tema falando até em processar o ex-árbitro, o que não passa de um circo desnecessário de um dirigente que precisa responder por coisas bem mais graves de sua administração. O futebol, que segundo pesquisas, não desperta mais o interesse de antes, chegou a esse ponto exatamente por isso, já que sua credibilidade foi jogada na lata do lixo. Em tempo, o jogo já estava parado quando saiu o gol, portanto não existe gol anulado e nem escanteio tinha acontecido. Não há porque querer, nove anos depois, validar um gol que sequer aconteceu.
** Com a semana apertada pelo feriado do Dia do Trabalho, só agora consigo falar de algo que ainda assim é atual devido à possibilidade de voltar a acontecer. No jogo que perdeu pela Libertadores na semana passada, o árbitro Wilmar Roldan, experiente, bobeou ao dar o segundo amarelo a Léo Citadini quando devia expulsá-lo porque o meia do Santos já tinha um amarelo. Há anos a Regra 5, a do árbitro ganhou um complemento em seu texto que dizia que o apitador tinha poderes antes, mas não após o final do jogo. O árbitro agora tem poderes após o jogo, podendo punir disciplinarmente jogadores, mas óbvio que ele não pode fazer absolutamente nada tecnicamente porque o jogo já terminou. Ao ser informado do erro disciplinar, Roldan foi ao vestiário do Santos e comunicou a expulsão.
** Sandro Meira Ricci, Emerson Carvalho e Marcelo Van Gasse, que estarão representando o apito brasileiro na Copa, receberão, independentemente do número de jogos, 50 mil dólares cada um. Wilton Sampaio será o árbitro de vídeo, ganhando a metade deste valor.
** E a CBF continua gastando uma fortuna com o projeto do árbitro de vídeo, mas não o coloca em prática. Sérgio Correa da Silva, demitido da chefia do apito, foi promovido e é o diretor do tal departamento criado para esta finalidade, obviamente que ele tem um salário que não deve ser tão pequeno assim. Sem uma função prática, os erros e as polêmicas se sucedem no nosso futebol quando poderiam ter a ajuda do VAR.
** Ponte e Guarani é sempre um jogo que merece atenção especial. Me lembro de narrar alguns pela rádio Jovem Pan, onde trabalhei de agosto de 2000 até setembro de 2014. O clima é outro, a atmosfera que cerca o derbi de Campinas envolve mais do que a paixão de duas torcidas, talvez as maiores do interior do Brasil. Mas como acontece onde marginais e suas gangues reinam impunimente, temos episódios lamentáveis. Estas milícias agem porque sabem que a seu favor não haverá nenhuma punição, já que quem poderia fazer leis contra eles se beneficia de seus votos numa relação das mais promiscuas. Por mais radical que possa ser, minha posição jamais será alterada, e se eles querem se matar entre eles, que o façam livremente, mas a partir do momento em que pessoas do bem, dignas forem atingidas que se coloque em ação o rigor que as leis não possuem.