Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Bom dia, querido leitor! Esperamos que esteja bem! Vamos para mais um artigo que te explica como o funcionamento da economia te afeta. Dessa vez, iremos falar sobre um assunto polêmico e que, normalmente, tem bastante repercussão da mídia quando algo “foge ao controle”: como são definidos os preços das coisas.
Ao pensar na formação dos preços, precisamos levar em consideração dois fatores: a escolha das empresas que produzem as coisas e as condições do ambiente. No que diz respeito à escolha das empresas, precisamos entender que para maximizar os lucros, uma empresa precisa garantir que seu produto ou serviço seja consumido – o que significa que não será possível colocar qualquer preço que tenha uma alta margem de lucro. De que adianta ter um produto bom e caro, se ninguém vai consumir? Portanto, o objetivo da empresa é buscar um preço médio que vai gerar uma boa receita por unidade vendida.
Agora, vamos pensar nas condições do ambiente que vão influenciar diretamente nos preços. Aqui precisamos considerar dois pontos: o custo de produção e a sensibilidade da demanda de consumidores a esses preços.
O custo da produção vai depender de alguns fatores, a começar pela produtividade da empresa, ou seja, no quanto ela consegue produzir. Já parou para pensar porque produtos artesanais costumam ter preços mais elevados que os industriais? A produtividade do artesão é muito mais baixa que a produtividade de uma empresa. Outro fator que afeta esses custos são as tecnologias empregadas na fabricação do produto, que tende a dar mais produtividade para a empresa e tornar os custos mais baixos. Pense na eficiência de uma montadora de carros da década de 40 e nas atuais: qual é mais eficiente? Ainda em relação ao custo da produção, também temos a facilidade de negociação com fornecedores: uma rede de supermercados maior tende a ter uma margem de negociação melhor porque compra em mais quantidade: isso explica porque produtos em grandes redes são mais baratos do que no mercadinho do bairro.
O último fator que influencia no custo do produto para o fabricante – e talvez um dos mais relevantes do Brasil – é o imposto embutido em todas as esferas de fabricação. Obviamente, considerando que somos um país que arrecada impostos como se fôssemos super desenvolvidos, esse fator tem muita capacidade para encarecer um produto ou serviço.
Quanto à sensibilidade dos consumidores aos preços, isso também engloba outros elementos: o primeiro deles seria a concorrência – quanto mais empresas que oferecem o mesmo produto ou serviço tivermos, mais benéfico para o cliente, pois a concorrência entre essas empresas faz cair o preço e aumentar a qualidade do que é oferecido. O segundo fator seria a escassez ou raridade desse produto, ou seja, produtos ou serviços considerados “insubstituíveis” por alguma característica específica que os tornam únicos tendem a ser mais caros, simplesmente porque o preço não impede que as pessoas o consumam. Basta pensarmos nas grandes marcas de grife, que fazem roupas e sapatos exclusivos: elas existem porque têm pessoas dispostas a pagar por essa exclusividade.
Outro elemento que vai interferir diretamente no preço são as inovações tecnológicas que aquele produto ou serviço possui – a Apple, por exemplo, é famosa e desejada no mundo todo por causa de sua tecnologia inovadora e pela qualidade das fotos (em um mundo exposto nas redes sociais, qualidade de foto vale quase tudo para as pessoas). O mesmo raciocínio nos leva ao último fator: a valorização da marca. Se pararmos para pensar, algumas marcas conseguem vender mais que um produto: elas vendem uma experiência. Isso faz com que esses produtos valham muito mais caro. Por exemplo, o Starbucks não vende café – vende uma experiência e um ambiente agradável de trabalho; a Coca-cola vende felicidade e momentos; a Apple vende status e tecnologia. Quanto mais valor uma marca agrega em seus produtos, mais caros eles ficam.
Depois de conhecer sobre todos esses fatores, você pode pensar: “então o congelamento de preços pelo Estado seria uma solução ao desequilíbrio de preços”? Acabamos de passar pela polêmica do preço do arroz que, como explicamos em outro artigo, foi um impacto entre oferta e demanda do produto, além do aumento dos custos de produção. O congelamento de preços não é benéfico e causa muitos problemas econômicos, basicamente porque travar preços não diminui os custos de produção, não afetam a demanda dos consumidores e ainda provocam a queda de produtividade nas empresas. O impacto que isso gera na economia, a longo prazo, pode causar muitos problemas que impactam a sua qualidade de vida e a economia do país como um todo.
Preços são voláteis o tempo todo em uma economia capitalista e ora eles aumentam, ora diminuem. Entenda os por quês dessas oscilações e não caia na conversa da mídia ou de políticos que só se preocupam com a próxima eleição. Conhecimento é poder e quanto mais você tiver conhecimento sobre a forma como as decisões econômicas e o funcionamento da economia impactam sua vida, mais liberdade de escolha você tem.