Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a): talvez, você já esteja com aquela sensação de que é final de ano, Copa do mundo, e já é melhor nem tentar organizar nada daqui para frente – e, mais uma vez, você vai deixar para recomeçar em 2023. Mas, lá no fundo, você já sabe o quanto isso é enganar a si mesmo: há quanto tempo você está dependente de “eventos de recomeço”para organizar sua vida e, quanto mais o tempo passa, mais longe das suas metas você fica? Há quantos anos está prometendo “ser mais saudável”e “poupar dinheiro” a cada novo 1º de janeiro? Nós sabemos: você está cansado(a) de se enganar. Por isso, na coluna desta semana, vamos falar sobre pequenas ações que você pode colocar em prática para começar hoje mesmo: chega de deixar para depois! Sua vida começa agora!
O primeiro ponto é entender que consumir, poupar e investir são comportamentos: isso significa que nenhuma ferramenta prática como planilhas orçamentárias, aplicativos e conhecimento técnico vai te ajudar se você não trabalhar, em paralelo, com o seu sistema de tomadas de decisões – que é bastante complexo. A forma com que você lida com seu dinheiro tem a ver com sua história pessoal – as experiências que você viveu, suas crenças centrais, seu ego, suas visões sobre o funcionamento do mundo, seus padrões comportamentais... todos em âmbito individual e singular. É por isso que, quando falamos de educação financeira, não existe nenhum padrão ou “receita de bolo” que vai servir para todos de forma semelhante.
Todo mundo sabe que precisa poupar mais, gastar menos, aprender a investir, cuidar melhor da saúde. Mas, entre saber o que precisa ser feito e fazer, de fato, existe um buraco na nossa cabeça. Não depende apenas de força de vontade: seu cérebro está programado para agir dessa forma e dá trabalho alterar esses padrões. Isso não significa que é impossível: só que é trabalhoso e leva tempo: você não dorme endividado e acorda investidor. Você não dorme como um consumista impulsivo e acorda um poupador: você reconstrói esse padrão. Comprar o que não devia é mais forte do que você porque está registrado no seu software, é um padrão de comportamento que vem sendo repetido há anos!
E esse é o primeiro passo: entender que a maioria das suas decisões diárias são tomadas no piloto automático. Seu cérebro odeia gastar energia e, por isso, cria seus próprios circuitos de funcionamento padrão: você sempre escova os dentes com os mesmos movimentos, faz seu café da mesma forma, toma banho igualzinho todos os dias...e adivinha: você compra repetindo comportamento. Por isso, o primeiro passo é tirar as decisões de compra desse piloto automático. E como fazer isso? Questione-se! Crie um repertório de perguntas que você precisa responder antes de qualquer compra: EU QUERO? EU PRECISO? EU POSSO COMPRAR AGORA? Se necessário, cole essas perguntas no seu cartão de crédito! Além disso, seu cérebro racional é mais lento do que seu piloto automático: deixe a compra sempre para depois. Volte no outro dia, se for necessário, mas nunca compre no calor do momento. Dê tempo para que a emoção passe e você consiga escolher de forma menos automática.
Uma última ação que você pode começar a praticar hoje mesmo: pare de se expor aos estímulos de compra. Você é humano e influenciável: exclua os aplicativos de compra do seu celular. Pare de seguir perfis e pessoas que te estimulam a comprar o tempo todo. Pare de seguir lojas e marcas que você gosta muito. Proteja-se deste tipo de estímulo. Torne o ato de comprar, algo difícil: se a cada vez que você pensar em comprar algo, ainda tiver que baixar o aplicativo, colocar sua senha e procurar, você deixará de comprar mais de 50% das coisas disfuncionais que compra hoje por influências externas.
Coloque essas dicas em prática hoje mesmo e comece o próximo ano um degrau a frente, um passo mais perto das metas que você quer realmente realizar. A vida que você quer viver não está escondida no extraordinário, mas nos pequenos passos que você escolhe caminhar todos os dias! Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).