Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a), como vai você? Começamos a falar sobre mercado financeiro, bolsa de valores e investimentos na semana passada, que são assuntos de grande interesse, mas igual insegurança – especialmente porque temos pouca educação financeira. No último artigo, explicamos um pouco mais sobre o funcionamento da bolsa de valores e porque as empresas optam por vender uma pequena parte no mercado de ações. Mas, ao falar desse assunto, fica a grande questão: “e se eu perder dinheiro?”. Sem dúvidas, esse é o grande receio das pessoas ao tentar investir seu dinheiro – e o maior motivo por continuar deixando na caderneta de poupança.
Para falar sobre esse assunto, vamos retomar a origem do mercado financeiro: tudo começou na Holanda, durante as Grandes Navegações. Resumidamente, era assim: Portugal e Espanha tinham financiamentos privados de bancos e algumas figuras muito ricas da época para construir as caravelas, pagar os tripulantes e movimentar o comércio de especiarias e a conquista de novas terras. Como era algo muito lucrativo (cerca de 700% de retorno, na época), a Holanda tambe1m queria fazer parte da brincadeira, mas não tinha os mesmos recursos. Foi aí que houve a grande ideia: como era muito caro construir caravelas, eles tiveram a ideia de que cada pessoa comum podia, com o pouco dinheiro que tinha, financiar uma parte das expedições. Se desse tudo errado (porque as viagens para a Índia e Américas eram muito rriscadas), ninguém perdia muito dinheiro. Se desse tudo certo, todo mundo teria um pouco do lucro. Essa foi a origem do mercado de ações e seu papel era: diminuir riscos.
Risco é sobre incerteza: ao abror uma empresa, por exemplo, não temos a menor garantia de que vai dar certo, de que teremos lucro e vamos prosperar. Isso depende de muitos fatores: contexto econômico, demanda de clientes, posicionamento, boa gestão e administração, etc. Mas, imagine que você pudesse ser sócio em várias empresas, de forma que, se uma delas vir a falir, você não perde parte significativa do seu dinheiro. Em contrapartida, quando as empresas prosperam, você ganha parte dos seus lucros. Obviamente, nem todas as pessoas possuem o perfil empreendedor, muito menos capital para ter tantas empresas. Por isso, o mercado de capitais é o lugar mais democrático que existe: qualquer pessoa, com qualquer patrimônio, pode se tornar sócio de grandes empresas e ter sua parcela de juros (o que chamamos de dividendos).
Para não perder dinheiro, é importante que você invista seu dinheiro em diferentes empreas (de preferência, de setores econômicos diferentes): é o que chamamos de diversificação. Mas, cuidado: existem formas inteligentes de fazer isso, não adianta apenas sair comprando ações de um monte de empresas diferentes, sem estratégia ou conhecimento do que está fazendo. Você precisa se lembrar que é um sócio: para cada empresa que você tem, é necessário acompanhar os números, a evolução de lucros, as dívidas, os retornos, etc. Assim como, para comprar uma empresa (ou um imóvel), você faria uma avaliação – tanto dos números quanto da estrutura -, isso também é necessário para comprar ações.
Se você quer realmente investir (e deveria mesmo), seu primeiro investimento precisa ser em conhecimento! Neste mundo, você só consegue realmente ganhar se conhecer as regras – não saia comprando qualquer empresa e fazendo as coisas de qualquer jeito: existem muitas questões emocionais e influências que nos atrapalham nas decisões dos ativos. Por isso, mais do que conhecimento técnico, você também vai precisar desenvolver inteligência emocional para não ser influenciado da forma errada: a emoção é uma péssima conselheira!
E não se esqueça: viver é um risco! Muito cuidado para não perder sua vida tentando ter controle sobre tudo. Tenha uma excelente semana!