O nome de Hery Kattwinkel foi um dos mais comentados do Brasil em razão da “bronca” que levou de Alexandre de Moraes
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, “deu uma bronca” no advogado votuporanguense Hery Waldir Kattwinkel Júnior (Foto: Reprodução)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
De ex-vereador e candidato derrotado a prefeito, a um dos nomes mais comentados do Brasil. O advogado votuporanguense, Hery Waldir Kattwinkel Júnior, experimentou de forma amarga a força das redes sociais nas últimas 48 horas, após “levar uma bronca”, do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, que o chamou de patético e medíocre.
Para entender, Hery estava em Brasília para defender na Corte máxima o morador de Rio Preto, Thiago de Assis Mathar, que foi acusado (e depois condenado) por participação nos atos de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes.
Ao fazer sua sustentação oral sobre o caso, comparou a situação dos presos pelos atos com o Holocausto e disse que o ministro do STF Alexandre de Moraes “inverte o papel de julgador” para se tornar um acusador. “É um misto de raiva com rancor com pitadas de ódio quando fala dos patriotas”, disse ele na ocasião.
Ao encerrar seu tempo de sustentação oral, o advogado citou também uma conhecida frase do Luís Roberto Barroso, de que “eleição não se ganha, se toma”, o que motivou reações dos dois ministros. Barroso foi mais ponderado e limitou-se a dizer que a frase foi tirada de contexto para se espalhar inverdades, já Moraes foi mais contundente e disse que Hery era patético e medíocre.
“Patético e medíocre que um advogado suba à Tribuna com discurso de ódio, para depois postar nas redes sociais. Digo com tristeza que o réu aguarda que seu advogado venha defender tecnicamente. O advogado não analisou nada, nenhum dos crimes. Preparou um discursinho para postar em redes sociais. Isso é muito triste. Os alunos de Direito que estão aqui hoje tiveram uma aula do que não pode ser feito. Ele quis fazer uma média com os patriotas e só é mais triste porque confundiu príncipe de Maquiavel com o Pequeno Príncipe, que são obras que não tem nada a ver, mas quem não leu, vai no Google e dá problema. Realmente muito triste”, disparou o ministro.
Repercussão
A “bronca”, é claro, repercutiu imediatamente. Hery virou “meme” nas redes sociais com caricaturas utilizando seu rosto no desenho do “Pequeno Príncipe” e o assunto se tornou um dos mais comentados no “X”, ex-Twitter, e demais plataformas nacionais. A repercussão, no entanto, não ficou restrita aos meios digitais.
Na noite de anteontem o Jornal Nacional exibiu o trecho onde Moraes chama o votuporanguense de “patético e medíocre” e os principais jornais do país também estamparam manchetes sobre o caso, com destaques para o Estadão, Folha de São Paulo, O Globo, Metrópole, G1 e tantos outros.
Em alguns casos ele foi chamado de “o advogado do Pequeno Príncipe”, onde virou até tema de aulas de literatura e em outros teve a sua vida revirada, com casos antigos sendo relembrados, como a condenação por ter agredido a mãe e a irmã e o fato de ter declarado possuir R$ 100 mil em espécie para a Justiça Eleitoral no último pleito.
Solidariedade expulsa Hery
O caso também lhe rendeu uma expulsão partidária. Hery estava filiado ao Solidariedade, partido pelo qual disputou uma vaga na Alesp nas últimas eleições, mas foi excluído da sigla ainda na noite de anteontem.
Em comunicado enviado ao A Cidade, o presidente diretório municipal do Solidariedade, Matheus Rodero, comunicou a expulsão do ex-vereador e teve a decisão abonada pelo presidente estadual da agremiação, Alexandre Pereira, e pelo vice-presidente nacional, Paulinho da Força.
“A direção municipal do partido em Votuporanga não compactua com a postura do profissional em atacar a Suprema Corte, ainda que no exercício de sua prerrogativa de defensor constituído, motivo pelo qual comunicamos a expulsão do membro e filiado ao partido. O partido Solidariedade defende o exercício das prerrogativas de advogado, nos limites da lei. Entendemos que a atitude do advogado ultrapassou os limites da lei. Deliberamos pela expulsão do membro, reiterando o nosso respeito às leis brasileiras, nosso compromisso com a democracia e o respeito as instituições públicas brasileiras”, diz nota emitida pelo partido.
Partido vai ao Conselho de Ética da OAB contra advogado
Além da expulsão, o vice-presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, que assinou a expulsão do advogado Hery Kattwinkel da sigla, também disse que iria acionar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra ele.
"Vou tratar com meu advogado ainda hoje sobre isso e vamos acionar o Conselho de Ética da OAB ou a instância interna compatível contra o advogado. O Conselho de Ética e Disciplina da OAB só analisa a conduta de advogados se for provocado, ou seja, se receber uma demanda para isso. É o que o Solidariedade vai fazer”, disse.
Hery diz que um ‘erro de citação’ não deveria repercutir mais que violações de direitos
Na tarde de ontem o advogado votuporanguense Hery Kattwinkel publicou um vídeo para se pronunciar sobre a repercussão da sustentação oral no julgamento. Para ele, um ‘erro de citação’ não deveria repercutir mais que violações de direitos supostamente praticadas pelo STF.
“É estranho você usar como estratégia de defesa a falta de imparcialidade, que é clara e notória, como se fosse um ataque. E principalmente, o que tem sido invisível aos olhos o fato de uma citação dentro de uma sustentação oral ser mais importante do que violações de princípios constitucionais, como a individualização da pena, o princípio da inocência. É isso que peço para que reflitam: o que estão querendo esconder com tudo isso, atacando uma simples citação e atacando verdadeiros princípios constitucionais que estão sendo violados”, disse.