O médico Guilherme de Paula, endocrinologista e nutrólogo do SanSaúde, conversou com o jornal A Cidade
O médico Guilherme de Paula, endocrinologista e nutrólogo do SanSaúde, conversou com o jornal A Cidade (Foto: SanSaúde)
Daniel Marques
daniel@acidadevotuporanga.com.br
O uso indiscriminado das chamadas "canetas de emagrecimento", medicamentos injetáveis que prometem rápida perda de peso, representa sérios riscos à saúde. Apesar de serem indicadas em casos específicos, como o tratamento da obesidade sob supervisão médica, seu uso sem acompanhamento profissional pode causar efeitos colaterais significativos, incluindo náuseas, vômitos, pancreatite, alterações na função renal e distúrbios gastrointestinais. O médico Guilherme de Paula, endocrinologista e nutrólogo do SanSaúde, alerta sobre o uso indiscriminado do medicamento.
Em conversa com a reportagem do jornal
A Cidade, o profissional explicou que as canetas que ficaram conhecidas como canetas de emagrecimento, na verdade são medicamentos que inicialmente foram desenvolvidos para tratamento de diabetes, então elas têm como benefício essa ajuda no controle da glicemia. “Elas também têm uma proteção cardíaca, têm uma proteção do pâncreas, que é o órgão que produz insulina, elas ajudam no controle alimentar, na saciedade no metabolismo. Portanto, os benefícios vão além do emagrecimento, já que elas também vão ajudar nesse controle metabólico do açúcar no sangue”, explicou.
Em relação a possíveis malefícios, Guilherme deixou claro que diretamente as canetinhas não fazem mal, porém o problema é o uso de forma errada. “O que pode ocorrer vai ser por um uso inadequado. Muitas vezes, a pessoa compra por conta própria, e já inicialmente injeta uma dose muito alta e passa a não dar conta nem de tomar água de tanta náusea que acaba tendo. Ou então usa esse medicamento por conta própria e não come corretamente, então perde muita massa muscular no processo de emagrecimento, o que acaba piorando o metabolismo, piora a resistência à insulina”, acrescentou.
O endocrinologista lembra que agora esse tipo de medicamento só pode ser comprado com receita médica, justamente para combater o uso indiscriminado que estava ocorrendo. Segundo ele, pacientes usavam, e não tinha o benefício do medicamento porque utilizavam de forma errada, e muitas dessas pessoas difamavam o remédio. “Muitos pacientes usam sem ter a necessidade real de usar, porque o medicamento não é para todo o paciente que tem problema de peso. Ou então eles tinham os efeitos colaterais, porque não tinha ninguém acompanhando para já corrigir esses colaterais caso houvessem. Então, foi tomada essa medida de agora só vender com receita médica”, contou.
Não faz milagre
Guilherme destaca que as “canetinhas de emagrecimento” não fazem milagre. Ele reforça que o medicamento não é para todos os pacientes que têm problema com peso. “É o que eu falo para todo paciente: o medicamento é como se fosse a rodinha quando você vai aprender a andar de bicicleta. Você tem que aprender, então você tem que aprender a fazer dieta, você tem que aprender que é necessário o exercício físico para o emagrecimento. O medicamento vai ajudar você a não ganhar mais peso, eliminar um pouco de peso, mas quem de fato faz essa mobilização de gordura é o exercício físico, então o paciente tem que entender que tem que partir dele essa mudança e essa necessidade de melhorar todo o contexto dos hábitos de vida”, finalizou.