A APAS espera um ambiente mais favorável para as vendas nos supermercados para o último trimestre do ano
Conforme explicou o gerente de economia e pesquisa da APAS, Rodrigo Mariano, no primeiro semestre o volume de vendas se manteve dentro do esperado, já que era esperado um cenário adverso diante do aumento do desemprego, com impacto na renda da população. Aliado a isto, a inflação em alta e persistente prejudicou as vendas, mas o desempenho do setor foi melhor que outros setores de atividade econômica.
Sobre os itens que mais impactaram os preços no primeiro semestre, Rodrigo enfatizou o impacto do feijão e do leite. “Estes itens são produtos de primeira necessidade e que o consumidor tem dificuldades em substituir. Isso atrapalha a venda de outros produtos, dos quais o consumidor abre mão”. Disse ainda que, diante deste cenário, o setor busca melhorar a negociação com a indústria para garantir preços mais competitivos que atraiam o consumidor. “Os supermercados entendem que itens de primeira necessidade são importantes e negociam mais”.
Inflação X Confiança
No primeiro semestre a Inflação nos Supermercados (IPS) foi de 16%. Já para este segundo semestre, a APAS acredita em um percentual que pode chegar a 12%, muito por conta da participação justamente do leite e do feijão.
Vale ressaltar que a inflação de alimentos no domicílio pelo IPCA (IBGE) foi de 16% considerando os últimos 12 meses, até julho de 2016. Já nos supermercados, o Índice de Preços dos Supermercados (IPS) registra alta de aproximadamente 14% considerando os últimos 12 meses, até julho de 2016.
Ambos os percentuais estão acima da inflação oficial de cerca de 8,97%, registrado pelo IPCA total, apontando uma maior resistência dos preços de alimentos e bebidas.
No entanto, por meio da tendência e do comportamento de alguns preços de alimentos a APAS prevê uma desaceleração da inflação neste segundo semestre, o que contribuiria para uma inflação de aproximadamente 12% em 12 meses no fim de 2016. Esta desaceleração deve ser verificada diante da redução de alguns alimentos, entre eles, o feijão e o leite, que tendem a apresentar desaceleração de preços nos meses de outubro e novembro.
Para 2017, as expectativas são de uma ligeira melhora na confiança do setor. “Já observamos mais otimismo dos empresários, que investem em melhorias nas lojas, como reforma e ampliação”.
Rodrigo explicou que o Índice de Confiança dos Supermercados, em julho, apontou um otimismo de 26,8%, enquanto no mesmo período de 2015 o indicador foi de 12,6%. Já o pessimismo atingiu 34,2% contra 54,7%, verificado em julho do ano passado.
Vale salientar que o topo do pessimismo foi atingido em janeiro deste ano, quando chegou a de 72%. O mais baixo otimismo foi registrado em março de 2015, com 8%.