Médico disse que há pacientes na tenda anexa ao local que sequer conseguiram uma vaga dentro unidade
Dr. Chaudes, coordenador de urgência e emergência de Votuporanga, alertou para o colapso do 'Hospital de Campanha' e do 'Mini-Hospital' do Pozzobon (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Com a alta do número de casos de coronavírus em Votuporanga, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que tem funcionado como um Hospital de Campanha já beira o colapso da sua capacidade funcional, segundo o dr. Chaudes Ferreira Júnior, médico coordenador de urgência e emergência do município e Secretário-Executivo do Centro de Enfrentamento à Covid-19.
Numa coletiva de imprensa realizada pela Santa Casa na manhã de sexta-feira (19), o dr. Chaudes disse que há pacientes na tenda anexa ao local que sequer conseguiram uma vaga dentro unidade.
"A rede de urgência e emergência foi mudada e já entrou em colapso. Precisamos muito da ajuda da população. Os recursos são finitos e nós estamos passando por dificuldades com insumos e mão de obra", disse o médico.
No começo deste mês, a Prefeitura anunciou a transformação da UPA em Hospital de Campanha com o objetivo de oferecer suporte ventilatório para pacientes com Covid enquanto eles aguardam vagas na Santa Casa.
Na primeira semana após a transformação, foram registrados, em média, 170 atendimentos por dia, segundo um levantamento feito pelo
A Cidade.
Processo
Na coletiva, o dr. Chaudes explicou que o encaminhamento dos pacientes para a rede hospitalar ocorre por meio do Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), que é um sistema da Secretaria Estadual de Saúde.
Na prática, o paciente com Covid fica internado na UPA, usando o suporte ventilatório, enquanto aguarda o Cross abrir uma vaga para internação na Santa Casa ou em qualquer hospital do Estado. Só que em menos de um mês de funcionamento, a unidade já enfrenta um gargalo de pacientes.
"Na nossa UPA, foram criados 11 leitos de suporte ventilatório. Nós temos nove ocupados. Eu tenho 12 pacientes aguardando vaga de enfermaria, dependendo de oxigênio. O limite para casos moderados está ocupado ao máximo. Eu tenho pacientes dependendo de oxigênio na tenda, aguardando para poder entrar na UPA, para depois, se o Cross liberar, ser encaminhado para a Santa Casa", explicou o médico.
Problemas
Neste processo, dr. Chaudes relatou que a rede de saúde de Votuporanga já passou dias sem conseguir internar pacientes em estado grave. Foi assim que pelo menos 13 votuporanguenses acabaram morrendo na UPA à espera de leitos de UTI, como revelado pelo jornal
A Cidade na edição de quinta-feira (18).
Ele também ressaltou que os "casos não-Covid" continuam e há uma sobrecarga deles na rede de saúde de Votuporanga.
"Eu peço encarecidamente para a população que casos leves [não-Covid], que deem para ficar na UBS [Unidade Básica de Saúde], não sejam 100% direcionados ao PA Pozzobon [Mini-Hospital], criado para atendimento dos ‘casos não-Covid’, porque nós estamos entrando em colapso lá também. A situação é muito grave", alertou o médico.