No mesmo dia, município bateu recorde ao registrar 11 óbitos por complicações da doença em 48 horas
Edna Botter Teixeira, Débora Cristina Alves, Celso Ricardi, Zezé da Saev e Tião Ruzza estão entre as vítimas da doença (Fotos: Arquivo pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Mais duas pessoas morreram na segunda-feira (15) em Votuporanga à espera de uma vaga de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes com Covid-19. A informação foi confirmada pela Santa Casa com exclusividade ao
A Cidade, no mesmo dia em que o município bateu o recorde ao registrar 11 óbitos por complicações da doença em 48 horas, o maior número desde o início da pandemia.
De acordo com o hospital, os dois pacientes que faleceram na segunda estavam aguardando vagas, desde domingo (14) na UTI. Os dois eram de Votuporanga, mas, seguindo a lei de proteção de dados, a instituição não divulgou os nomes das vítimas. “A Instituição ressalta que os pacientes estavam monitorados, com devido atendimento médico, entretanto seus quadros se agravaram e vieram à óbito”, diz a nota.
Ainda em nota, a Santa Casa afirmou que desde o início da pandemia, tem feito uma força-tarefa se dedicando a analisar espaços físicos, equipamentos e equipes a fim de atender a todos com qualidade e humanização. Prova disso são os leitos extras abertos, de forma emergencial, por conta da impossibilidade de transferência de pacientes diante do colapso na saúde como um todo.
“O Hospital está avaliando todas as possibilidades atuais, incluindo com abertura de novos leitos mas depende de diversos fatores como contratação de médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares e fisioterapeutas, além de medicamentos e equipamentos que estão cada vez mais escassos no mercado”, conclui.
Colapso
Na edição de sábado (13) o
A Cidade já havia mostrado a situação de colapso do sistema de saúde regional ao registrar a morte do senhor Aparecido Domingos Marques, de 67 anos, que ficou na fila por um leito durante quatro dias e acabou não resistindo.
E a situação não melhorou desde então. Aliás, se agravou. Os números do Informe Diário de Atendimentos da Santa Casa mostram que, além de não ter nenhuma vaga de UTI, em 24 horas cinco pessoas morreram nas dependências do hospital por causa da doença e outras sete seguem internadas à espera de uma vaga de UTI, cinco delas, inclusive, já com ventilação mecânica.
Os dados mostram ainda que mesmo com oito altas registradas em um dia, 35 dos 37 leitos de enfermaria na ala isolada para pessoas com coronavírus estão ocupados.
‘Hospital de Campanha’
No hospital de campanha montado junto à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) a situação também não é das melhores. Não há um informativo sobre os atendimentos por lá ainda, mas uma foto do local viralizou nas redes sociais na segunda mostrando a superlotação do local, que atende apenas pacientes de Votuporanga.
Boletim
Votuporanga registrou na segunda o maior número de mortes por Covid19 desde o início da pandemia. Em 48 horas, levando em consideração domingo e segunda, 11 pessoas morreram em decorrência de complicações causadas pela doença.
As vítimas vão desde uma mulher de 35 anos sem nenhuma comorbidade a um idoso de 84 anos, que já tinha outras doenças de base. Com os novos registros o município chegou ao total de 173 óbitos confirmados pela doença.
O jornal
A Cidade conseguiu identificar cinco das 11 vítimas. A mais nova entre as identificadas pela reportagem foi Edna Botter Teixeira, que tinha 41 anos. Edna era operadora de caixa, divorciada e deixa a filha Amanda Botter Rodrigues. Seu sepultamento ocorreu na tarde de ontem, no Cemitério Municipal de Votuporanga.
Outra vítima foi Débora Cristina Alves, de 45 anos. Ela não tinha comorbidades e era designer de sobrancelha. Débora deixa os filhos Lucas e Júnior Farias, além dos demais familiares e amigos. Seu sepultamento ocorreu na tarde de anteontem no Cemitério Municipal.
Maria José Serantoni Vieira Rodrigues, também conhecida como Zezé da Saev, foi outra vítima da doença em Votuporanga. Ela não tinha comorbidades e faleceu aos 60 anos. Zezé deixa o esposo Adalberto, os filhos André (in memoriam), Stela e Gustavo, além dos demais familiares e era muito querida de todos. Seu sepultamento ocorreu na manhã de ontem, no Cemitério Jardim, em São José do Rio Preto.
Sebastião Ruzza, o conhecido Tião Ruzza, também faleceu vítima de Covid, aos 84 anos e sem comorbidades. Tradicional comerciante na região Norte de Votuporanga, ele era muito conhecido no bairro da Vicentina. Tião deixa familiares e amigos. Seu sepultamento ocorreu na tarde de ontem, no Cemitério Municipal de Votuporanga.
A última vítima que o jornal conseguiu identificar foi Celso Ricardi. Sua idade não foi informada à redação. Ele era frentista e faleceu ontem.
Casos
Ainda conforme o documento, no mesmo espaço de tempo foram registrados mais 65 casos de coronavírus, totalizando 9.179 ocorrências positivas desde o início da pandemia. Desse total, 8.517 pessoas já se curaram, porém outras 79 ainda estão internadas, sendo que 38 delas estão em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Há também mais 1.015 votuporanguenses com suspeita do novo vírus à espera do resultado dos exames e outros 1.692 com sintomas não graves em monitoramento domiciliar.
'Vacinômetro'
Já de acordo com o "vacinômetro", Votuporanga aplicou mais 339 doses do imunizante contra a Covid-19 em 48 horas. Dessas, 307 foram primeiras doses e 32 foram segundas doses.
Assim, o munícipio totaliza 13.454 doses aplicadas: 9.401 primeiras doses e 4.053 segundas doses.
*Colaboraram Pedro Spadoni e Fernanda Cipriano, estagiária sob supervisão