Segundo o diretor clínico da Santa Casa, dr. Atílio Pozzobon Neto, a mutação é muito mais contagiosa e letal
Diretor clínico da Santa Casa de Votuporanga, dr. Atílio Pozzobon Neto, alertou que a nova variante do coronavírus é 220% pior (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
A variante do coronavírus que surgiu em Manaus (AM), chamada de P1, chegou a Votuporanga e tem piorado o quadro da pandemia no município. Isso porque a mutação é muito mais contagiosa e até 90% mais letal, sendo, inclusive, capaz afetar pessoas jovens e sem comorbidades. Quem disse isso foi o diretor clínico da Santa Casa, dr. Atílio Pozzobon Neto, em coletiva na manhã de sexta-feira (19).
De acordo com o médico, que atua linha de frente do combate à pandemia no município, a piora causada pela nova cepa foi observada de 15 de fevereiro para cá. Neste período, o número de leitos de UTI e enfermaria da Ala Covid ocupados praticamente dobrou, em comparação à média de ocupação do ano passado e começo deste ano.
"Nós estamos numa nova pandemia, de P1, mais letal e com as nossas defesas muito mais limitadas. Nós precisamos da ajuda da população. A situação é muito mais séria do que antes", alertou o médico durante a coletiva.
Mutação
Conforme explicou o médico, uma variante de um vírus é uma mutação. No caso do coronavírus, foram registradas mutações na Noruega, na Inglaterra, na África do Sul e no Brasil. A P1, segundo ele, é a pior de todas.
O médico também explicou que a variante é considerada 220% pior do que a Covid-19 "normal" por ser mais contagiosa e pela sua virulência (capacidade de se propagar no organismo) ser até 90% mais letal.
"Se você estivesse num ambiente aberto, com pessoas conversando, sem máscara e perto uma da outra, a Covid passava de uma pessoa para outras três. A P1 passa para até nove pessoas. Num ambiente fechado, passa para 15 pessoas", exemplificou o médico.
Perfil
É por ser mais contagiosa e ter virulência mais letal que, segundo o dr. Pozzobon Neto, o perfil dos pacientes que acabam internados em estado grave nas UTIs tem mudado.
"Estamos vendo que isso [perfil dos pacientes] está mudando. Parece que aproximadamente 50% dos pacientes de UTI no estado de São Paulo tem menos de 50 anos. A carga viral é tão alta que consegue vencer as defesas da imunidade dos jovens", explicou o médico.
Ele também comentou que existe uma projeção de que 60% das pessoas que já tiveram Covid-19 e se curaram podem contrair a variante P1 do coronavírus.
O que fazer
O médico ressaltou, mais de uma vez durante a coletiva, que os esforços da população precisam ser focados em diminuir a disseminação e contágio do vírus.
"O distanciamento social tem que ser bem efetivo agora, porque a pandemia é pior. Álcool em gel é importante e as máscaras precisam ser bem utilizadas em todo lugar", recomendou.