Para Seba, o contexto atual é de 'guerra' e a assistência precoce é uma alternativa para pacientes com Covid
Prefeito também ressaltou que a prescrição deverá contar com o consentimento do paciente ou da sua família (Fotos: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O prefeito Jorge Seba (PSDB) afirmou, durante coletiva de imprensa na sexta-feira (19), não só que a Administração Municipal vai oferecer medicamentos para assistência precoce a pacientes com Covid-19 nas unidades de saúde, mas que ele e sua equipe entendem isso como um "gesto de compaixão".
"É um gesto de compaixão solicitarmos aos médicos que vão atender os pacientes no UPA que possam prescrever, embora não sejam obrigados pelo protocolo médico, as medicações de assistência precoce. Estamos disponibilizando os medicamentos para isso", disse Seba.
O prefeito também ressaltou que a prescrição deverá contar com o consentimento do paciente ou da sua família, dependendo do caso.
Alternativa
De acordo com Seba, o contexto atual é de "guerra" e a assistência precoce aparece como uma alternativa para pacientes com Covid.
"Não há comprovação científica, mas nós temos que oferecer uma alternativa. Estamos num momento de guerra, então é um pedido de compaixão que nós trazemos aos senhores médicos, [para] que possam oferecer essa medicação, desde que o doente consinta", disse o prefeito.
Médicos
Poucas horas antes do anúncio do prefeito, o assunto foi explorado por médicos da Santa Casa, em outra coletiva de imprensa.
O dr. Atílio Pozzobon Neto, diretor clínico do hospital votuporanguense, disse que os médicos já estão orientados sobre a possibilidade de prescrever medicamentos para assistência precoce desde julho do ano passado.
"É um tratamento polêmico, uns gostam, outros não gostam, mas eu achei que nós deveríamos fazer alguma coisa, então contactei os médicos, fizemos reuniões e todos concordaram em começar a assistência precoce nos postos de saúde desde julho do ano passado", contou o médico.
Para o dr. Chaudes Ferreira Junior, médico coordenador de urgência e emergência de Votuporanga e Secretário-Executivo do Centro de Enfrentamento à Covid-19, prescrever ou não os medicamentos, depende do médico que estiver atendendo o paciente. Isso porque os profissionais tem autonomia para decidirem sobre isso durante o atendimento.
"Nós temos as medicações na rede, então a autonomia é do médico. Nós não podemos tirar isso dele. Não tem como Votuporanga protocolar o tratamento precoce", explicou o médico.
Isso acontece porque, conforme explicou o dr. Pozzobon neto, um protocolo só é determinado quando existe uma evidência irrefutável sobre o benefício da medicação (ou medicações).
"Essa palavra está sendo mal usada em relação à Covid porque essa evidência ainda não existe. Não existe porque essa doença ainda é muito nova no mundo", disse o diretor clínico.
Segundo o dr. Chaudes, ainda não há "estudos robustos" nem comprovação científica sobre medicações que sejam eficazes contra as fases da Covid-19 no organismo humano.