Paciente conta como é conviver com doença renal e ter qualidade de vida ao mesmo tempo
Paciente Roseli Camillo conta sobre convivência com a doença renal crônica, tema da campanha deste ano para o Dia Mundial do Rim (Foto: Santa Casa de Votuporanga)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Há 20 anos, Roseli Camillo, de 44 anos, é paciente da Santa Casa de Votuporanga. Três vezes por semana, ela se dirige para a Unidade de Diálise para suas sessões. Nas duas últimas décadas, o Hospital se tornou mais do que um lugar de tratamento, porque Roseli criou vínculo e amizades.
Na Instituição, ela fez amigos de jornada. Viu transferências de colegas, acompanhou casos de transplantes bem-sucedidos e, até mesmo, sentiu saudade por alguém que já se foi. Neste tempo, ela ganhou vida. “É a minha segunda família, considero demais cada um, sejam enfermeiros, auxiliares de limpeza, médicos e os outros pacientes. Eles me entendem como ninguém, porque estão passando pelas mesmas situações. Temos afinidades e sinto a falta de muitos que já não estão conosco mais”, contou.
A paciente foi diagnosticada com nefrite aos cinco anos. Aos dez, ela foi curada. “Em 1999, entre seus 19 e 20 anos, adoeci de novo, quando precisei de diálise”, contou.
A nefrologista e responsável pela Unidade de Diálise da Santa Casa, Dra. Aparecida Paula Visoná, foi sua primeira médica. “Lembro muito bem do começo, do salão pequeno. Cresceu muito o serviço e só posso agradecer pelo atendimento”, destacou. Em 2010, ela chegou a fazer um transplante, mas retornou para o tratamento renal em 2012.
Campanha
A Sociedade Brasileira de Nefrologia definiu o tema do Dia Mundial do Rim deste ano: “Vivendo bem com a doença renal”.
O objetivo é o de conscientizar e orientar o paciente com doença renal crônica (DRC) quanto aos próprios sintomas, para que possa participar, de forma mais efetiva, na rotina da vida cotidiana.
Convivendo com a doença
A médica Dra. Paula enfatizou o controle da pressão alta e diabetes. “São as principais causas de doença renal crônica, por isso é muito importante que essas doenças sejam bem controladas para evitar a piora”, afirmou.
A profissional ressaltou o controle da ingestão de nutrientes como sal, fósforo, potássio e proteína. “Nos casos mais graves, também pode ser preciso controlar o consumo de líquidos em geral, como água e sucos”.
Ela falou dos cuidados que os pacientes precisam tomar. “Praticar exercícios físicos, não fumar, evitar bebidas alcoólicas, manter o peso sob controle e evitar o estresse são algumas das recomendações saudáveis que ajudam melhorar o metabolismo do corpo, o funcionamento do fluxo sanguíneo e proteger a saúde dos rins, contribuindo para conter a progressão da insuficiência renal”, afirmou.
Doença Renal Crônica
A doença renal crônica (DRC) se caracteriza por lesão nos rins que se mantém por três meses ou mais, com diversas consequências, pois os rins têm muitas funções, dentre elas: regular a pressão arterial, “filtrar” o sangue, eliminar as toxinas do corpo, controlar a quantidade de sal e água do organismo, produzir hormônios que evitam a anemia e as doenças ósseas, entre outras.
Em geral, nos estágios iniciais, a DRC é silenciosa, ou seja, não há sintomas ou são poucos e inespecíficos. Por isto, o diagnóstico pode ocorrer tardiamente, quando o funcionamento dos rins já está bastante comprometido, muitas vezes em estágio muito avançado, quando é necessário tratamento de diálise ou transplante renal.
Por isso, são fundamentais a prevenção e o diagnóstico precoce da doença, com exames de baixo custo, como a creatinina no sangue e o exame de urina simples.
Dicas para conviver com a doença:
- Controlar a sede comendo frutas congeladas, doces azedos, chupando limão ou pedaços de gelo;
- Melhorar o sabor dos alimentos temperando com ervas aromáticas, como salsa, manjericão, louro, gengibre, ou limão, por exemplo;
- Praticar um exercício físico de relaxamento, como yoga, para ajudar a descontrair;
- Compartilhar os seus problemas com outros doentes com a mesma doença, em redes sociais ou grupos de apoio, para ajudar a enfrentar a doença;
- Utilizar receitas pobres em proteína, potássio, fósforo e sal.