Ao todo, nos últimos 30 dias, 88 pessoas morreram por complicações da doença e pelo menos 44 delas estavam à espera de leitos
Metade dos votuporanguenses que morreram por Covid neste mês estavam à espera de um leito (Foto: Reprodução/Santa Casa)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
O chamado colapso do sistema de saúde chegou com força em Votuporanga. Março foi o mês com o maior número de mortes em razão de complicações causadas pela Covid-19 e metade delas ocorreram com pacientes que não conseguiram um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). E a situação continua grave, porque pelo menos mais 14 votuporanguenses ainda se encontram nessa situação, conforme dados da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e da Santa Casa.
De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde, 88 pessoas morreram nos últimos 30 dias por conta da doença, 40 delas só na UPA, que foi transformado em Hospital de Campanha, à espera de uma vaga de UTI. O mesmo aconteceu na Santa Casa com pelo menos mais quatro pacientes.
Desde o dia 6 de março, quando a UPA foi transformada em Central de Atendimento Covid, 131 pacientes utilizaram os leitos de enfermaria ou fizeram uso de respirador enquanto aguardavam transferência para leito hospitalar. Atualmente, 11 pacientes estão em leitos de enfermaria e dez pacientes estão em leitos de suporte com uso de respiradores. Todos aguardam leito hospitalar.
Na Santa Casa, os 28 leitos montados para o atendimento de pacientes com Covid estão ocupados e outros quatro estão na enfermaria aguardando a liberação de uma vaga na UTI com a utilização de respiradores. A enfermaria, aliás, também já passou de seu limite. Ela foi montada para disponibilizar 37 leitos, mas atualmente está com 39 pacientes.
E a situação não apresenta sinais de melhora.
Mesmo com o lockdown, o número de casos segue crescendo assim como o de pacientes que precisam ser hospitalizados. De acordo com o último Boletim Epidemiológico, mais 73 casos de Covid foram registrados em 24 horas e 80 votuporanguenses, já confirmados com a doença, estão internados.
A única perspectiva de melhor alocação dos doentes é com a conclusão do Hospital de Campanha que está sendo montado pela Prefeitura junto à Santa Casa. Serão 23 leitos de suporte com respiradores e, ao mesmo tempo, abrirá 18 vagas de enfermaria na UPA para casos menos graves. A obra está prevista para ser concluída até o final de semana e contará com cerca de 60 profissionais de saúde.
Atendimentos
De acordo com a Prefeitura, no período de 1 a 30 de março, 3.802 pessoas passaram por atendimentos na tenda montada anexo à UPA para acolher pacientes com sintomas gripais. Destas, 131 precisaram de leitos de suporte com ou sem ventilação mecânica na UPA para tratar de sintomas mais graves da doença.