Pedro Spadoni
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A pandemia do coronavírus não trouxe apenas novos hábitos, como uso de máscaras e álcool em gel. A necessidade prolongada de isolamento social e a preocupação provocada pela Covid-19 vem afetando a saúde mental dos votuporanguenses, causando um aumento de crises de ansiedade e depressão. Quem disse isso foi o médico psiquiatra e psicoterapeuta Rodrigo Fuza, que tem consultório em Votuporanga.

O dr. Fuza explicou ao jornal A Cidade que a preocupação com a letalidade da Covid-19 tem sido o principal "gatilho" que tem levado seus pacientes a enfrentarem crises de ansiedade e, posteriormente, de depressão. Além deste aumento, considerado significativo pelo médico, há uma escalada de casos de Tept (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) relacionada à pandemia.

Situação grave

O médico apontou que esse aumento ocorreu tanto entre pacientes com diagnóstico prévio de distúrbios psicológicos quanto entre os que não tinham. Ou seja, a situação da pandemia teve impacto psicológico sobre todos.

"O número de mortes está bem maior do que a gente tinha visto. Isso deixa todo mundo mais ansioso, porque a preocupação ligou a chave da ansiedade. É um gatilho que se mantém. Essa preocupação fica te cobrando todo dia. Isso gera um gasto de energia emocional de todo mundo", explicou dr. Fuza.

O médico apontou que, de acordo com um estudo que está sendo realizado pelo IPQ (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP), os casos de ansiedade e depressão triplicaram do ano passado para cá.

Ele também explicou que ansiedade e depressão são consideradas "doenças primas" e têm relação direta, isto é, uma puxa a outra e vice-versa.

"Quando a ansiedade se arrasta, é muito comum que ela vire depressão. E o contrário também existe. Depressão prolongada pode virar um transtorno de ansiedade. O que eu vejo agora é muita gente num estado de ansiedade por muito tempo, que virou depressão", disse o médico.

Impactos

A situação da pandemia tem esse impacto sobre o psicológico das pessoas porque acaba envolvendo num "medo clássico" do ser humano, conforme explicou o médico: o medo da morte.

"Qual é a maior preocupação do ser humano? É a morte. O que te preocupa, te mete medo. O medo de morrer é o grande medo clássico nosso, que a gente tem desde pequeno. Tudo que aumenta esse medo, vai aumentar a preocupação. E vai aumentar a ansiedade", explicou o dr. Fuza.

Pós-pandemia

Já em relação ao pós-pandemia, o psiquiatra prevê uma escalada enorme de casos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, que já vem sendo observada entre ano passado e este ano. Segundo o dr. Fuza, houve um aumento de 500% de casos deste transtorno.

Essa escalada é uma consequência do aumento do número de mortos pela Covid-19 no país, conforme explicou o médico. Isso porque lidar com a morte de um ente querido da forma como ocorre quando é um caso de Covid, em que a pessoa não pode visitar o ente no hospital e, depois, não pode velá-lo, pode se tornar um episódio traumático.

“Estamos tendo três mil óbitos [por Covid] no Brasil por dia. Imagine que cada óbito vai afetar cerca de três a quatro pessoas. O Tept é quando você tem um evento traumático, pode ser um sofrimento físico, como internação e intubação, ou pode ser um evento psicológico, como você ver e acompanhar o sofrimento de alguém”, explicou o médico.

Atendimento

O psiquiatra atende na clínica Ferreira e Fuza, que fica na rua São Paulo, nº3860, no bairro Patrimônio Novo.
É possível agendar a consulta de maneira online ou por telefone, por meio do número: (17) 9 8117-2329. O médico oferece consultas de telemedicina por meio de plataformas digitais (WhatsApp, Skype, Zoom etc) e emite receitas, pedidos de exames, relatórios médicos e atestados de modo online, via e-mail ou WhatsApp.

Já as consultas presenciais podem ser agendadas por meio do número: (17) 3421-5781.