Para comemorar o Dia dos Avós, celebrado no dia 26, o médico de Família e Comunidade, dr. Ernesto Jose Hoffmann, falou sobre as maneiras de ajudar os idosos
Dr. Ernesto Jose Hoffmann concedeu dicas valiosas que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos idosos (Foto: Santa Casa de Votuporanga)
A terceira idade não precisa ser triste e cheia de problemas, ela pode ser a melhor fase. Apesar de serem vistos como frágeis e pessoas que necessitam de muitos cuidados, atualmente existem inúmeras maneiras de ajudar nossos velhinhos a terem mais independência e qualidade de vida.
Segundo uma projeção feita pela Organização das Nações Unidas (ONU), a expectativa de vida no Brasil subirá de 74,9 anos para 81,2 anos até 2050. Isso acontece porque a medicina tem avançado bastante.
Para comemorar o Dia dos Avós, celebrado no dia 26 deste mês, o médico de Família e Comunidade do SanSaúde, dr. Ernesto Jose Hoffmann, concedeu dicas valiosas que podem ajudar – e muito – a melhorar a qualidade de vida nossos idosos.
Avaliando os idosos
Os profissionais da área da Geriatria e Gerontologia utilizam um termo chamado “os gigantes da geriatria” ou "os 5 Is da geriatria", que não são propriamente doenças, mas condições comuns aos idosos que estão relacionados à perda funcional e da qualidade de vida destes indivíduos. São elas: a Iatrogenia, a Incontinência Urinária, a Instabilidade Postural, a Imobilidade e a Insuficiência das Funções Cognitivas.
Dr. Ernesto explicou cada “I”. “A Iatrogenia se caracteriza por um problema de saúde causado por médicos ou outros profissionais da saúde devido a não observância das alterações fisiológicas no envelhecimento e/ou das peculiaridades da abordagem ao idoso, como por exemplo a prescrição de medicamentos inapropriados ou a associação de medicamentos que possam precipitar sintomas ou aumentar a chance de efeitos colaterais”, contou.
A incontinência urinária é quando ocorrem perdas involuntárias de urina. “Pode ser classificada como de esforço, de urgência, mista ou de transbordamento”, contou.
Já a Instabilidade Postural seria a incapacidade de manter-se em pé e caminhar adequadamente, perdendo assim a estabilidade e sendo responsável por quedas, gerando assim a maior parte das internações nesta faixa etária. “Podem provocar traumatismos, causando lesões, fraturas e eventualmente até a morte”, complementou.
A Imobilidade, por sua vez, se refere a limitações dos movimentos, que possui variabilidade em sua gravidade e é habitualmente progressiva. Pode evoluir até a chamada Síndrome de Imobilidade do Idoso, onde há acometimento de vários sistemas ao mesmo tempo (cardiovascular, musculoesquelético, digestório) e os indivíduos ficam restritos ao domicílio ou ao leito, e caracteriza-se por contraturas, úlceras por pressão, comprometimento cognitivo e dor crônica.
Por fim, a Insuficiência das Funções Cognitivas é caracterizada pela perda de muitas das funções cerebrais, afetando a capacidade cognitiva do indivíduo. Pode atingir a memória, a capacidade de realizar certas tarefas e também o comportamento. Tem como causas as demências (como a Doença de Alzheimer), a depressão, o delirium, entre outras.
Pandemia
As recomendações de prevenção contra a Covid-19 neste público é a mesma das demais faixas etárias: distanciamento social, uso de máscaras e higienização frequente das mãos com água e sabonete ou álcool gel, por exemplo.
“Quando do início da imunização para esta doença, deu-se preferência à esta faixa etária por entender que é a mais fragilizada para esta doença, porém enquanto parcela significativa da população não estiver completamente imunizada estes ainda necessitarão tomar os devidos cuidados, ainda que já tenham recebido as duas doses da vacina”, disse o profissional.
Temperaturas mais baixas
Os cuidados são maiores para este público com as baixas temperaturas. “São infelizmente responsáveis por mortes anualmente em localidades onde o frio é mais rigoroso, usualmente devido a hipotermia. Indivíduos com menor índice de massa corporal estão sempre mais propensos a isto. Muitos idosos, devido a dificuldades alimentares, podem sofre de desnutrição e até mesmo sarcopenia, aumentando seu risco de hipotermia”, afirmou.
O tempo mais frio pode aumentar o risco de doenças respiratórias; “A baixa umidade relativa do ar na época de frio e o fato de tirarmos muitas vezes roupas e roupas de cama mais quentes guardadas por mais tempo, com chance de acumular ácaros e fungos, expõe também a uma chance aumentada de doenças alérgicas como rinite e asma”, disse.
Prática de exercícios
O médico ressaltou a importância da prática de exercícios físicos. “Mais do que a manutenção da saúde física, como a preservação da massa muscular e de habilidades como o equilíbrio e a mobilidade, estudos recentes apontam que os exercícios têm papel fundamental na memória, no humor e nas habilidades cognitivas dos pacientes idosos. Assim sendo, agiriam como um fator protetor para doenças como demências e depressão. A atividade física também demonstra a capacidade de evitar quadros de dor crônica e seu papel é considerado fundamental em doenças como a fibromialgia, por exemplo”, destacou.
Saúde mental
Dr. Ernesto ressaltou que atividades diversificadas são necessárias para a saúde mental dos idosos. “É importante mantê-los informados, portanto, ler jornais ou notícias na internet, ouvir rádio ou ver televisão, dentro das possibilidades, ajudam os mesmos a estarem conectados com a realidade. Atividades intelectuais como fazer palavras cruzadas e outros jogos que envolvam a matemática, como o Sudoku, por exemplo, têm seu papel, mas somente até certa medida. Sabemos hoje que a atividade física contribui com a Saúde Mental e incorporar uma caminhada em que a cada dia se varie o trajeto pode aguçar a noção espacial dos pacientes”, orientou.
Hidroginástica e até mesmo academia, com as devidas adaptações, são excelentes opções. “Também não podemos nos esquecer da importância do afeto na saúde mental: o contato com os familiares e amigos é muito importante neste aspecto. Ainda que vivamos uma pandemia pelo Covid-19, manter contato por meio de telefonemas, WhatsApp, e-mails e redes sociais pode ser uma forma de dirimir o afastamento físico”, concluiu.